sábado, 9 de janeiro de 2021

Vícios de linguagem entre os apresentadores de Rádio e TV estão cada vez mais frequentes: Seria influência do Nheengatu?

Estou mesmo ficando velho e rabugento, porque tenho reparado que os vícios de linguagem tomaram conta do Rádio e da Televisão, algo que antes não me era tão perceptível.

Amigos meus, puristas da língua portuguesa, já me disseram que se trata de um modo informal de conversar e que isso faz parte da programação.

Não é que estes jovens valores estejam falando errado, mas o formato das palavras quando colocadas diante dos microfones poderia ser melhorado. 

Acredito que algo de errado está acontecendo na formação dos novos alunos nos meios acadêmicos e depois nos cursos de locução.

Entre os vícios de linguagem está o menosprezo à letra R no final das frases. 

São inúmeros os programas de rádio e telejornais de grande audiência, onde escuto frases como: “Vamos chamá, a repórter fulana de tal”.

Ou então: “Chegou a hora aqui em nossa programaçao da gente conversá com o doutor sicrano que vai nos dizê, o que devemos fazê, diante da pandemia”.

Ocorrem ainda outros vícios de linguagem na mídia, mas hoje ficaremos por aqui, porque posso ser taxado de chato se ainda não fui.

 


Sei que o paulista tradicionalmente costuma falar errado.

O caipira do passado costumava dizer ao invés de colher, cuié; em vez de mulher, muié.

Na capital paulista ainda é comum se ouvir o plural fica sem complemento: "Dois pastel ou dois real, são formas ainda usadas com frequência.


Há também os que se esquecem da letra S.

Conheci um sujeito que me dizia ter só um par de sapato e que depois do almoço não via a hora de escovar os dente.

Houve até um motorista que me contou morar em Guarulho e que ia para o trabalho de ônibu, sei que aí já é demais, mas pode acreditar que é verdade.


O compositor e comediante Adoniran Barbosa dizia: "É preciso saber falar errado". Certas pronúncias colocadas de maneira indevida ficam engraçadas, mas há outras que denotam falta de escolaridade.

Adoniran tornava seus sambas engraçados colocando neles palavras erradas como, “...taubua de tiro ao álvaro, não tem mais onde furar...”

Acontece que agora certas palavras consideradas erradas estão indo ao ar com mais frequência nos veículos de comunicação.


Foi então que me lembrei do Nheengatu, a linguagem primitiva do Brasil colonial e imaginei as caravelas de Cabral aportando.

Na praia pessoas inteiramente nuas, curiosas, inocentes e sem nenhum pecado, observavam aqueles homens desembarcando com roupas pesadas e olhar assustado.

Foi difícil a comunicação entre os indígenas e os portugueses naquele momento e só bem depois é que surgiu uma linguagem que misturava as pronúncias do tupi-guarani e do português, o Nheengatu.


Partiu dos jesuítas a iniciativa de se desenvolver formas de comunicação junto aos indígenas e assim o Nheengatu acabou se transformando em uma forma de linguagem para a compreensão e entendimento geral.

Quem sabe muito a respeito é o professor Eduardo Navarro, da Universidade de São Paulo, um especialista em linguagens indígenas.


Nheengatu significa, língua boa. Navarro nos disse em uma entrevista que no Brasil colonial o Nheengatu era falado na Amazônia e mais ao sul virou a língua geral dos caipiras do interior paulista.

"Colonizadores, indígenas, escravos negros e demais moradores de origem portuguesa, falavam livremente o Nheengatu até o dia em que Portugal decidiu proibir, no século 18, outras línguas que não fossem o português", explicou o professor da USP, enfatizando: "mesmo assim, muitas palavras e outros modos de expressão do Nheengatu acabaram se incorporando ao idioma que falamos hoje.

Sendo assim, vai ver que o Nheengatu ainda exerce influência entre a população jovem de São Paulo, entre os quais a moçada que está ingressando nos veículos de mídia eletrônica. 

De repente até, o Nheengatu segue ainda pronunciado neste Brasil afora por, tamanha a diversidade de palavras ainda em uso.

Segue a lista:




5 comentários:

  1. Acho que também estou ficando velho, já vi repórteres dizendo "tamem" no lugar de também.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Uma porção de tamens, em de falando, falano e assim por diante.

      Excluir
  2. Bom amigo, me incluo na rabugice, não vou dizer da velhice, porque longe de mim, kkkkk. Como comunicadores creio que deveriam ter o dever de falar corretamente, para dar exemplo e não "assassinar" a língua pátria. Cacófatos e concordâncias também entram nesta lista. Sem falar do haja visto. Aff....

    ResponderExcluir
  3. Sou de uma cidade onde "ovo" só ganha plural depois de completar 6 unidades: 1 ovo, 2 ovo, 3 ovo, 4 ovo, 5 ovo, 6 OVOS!

    ResponderExcluir