Estamos dando início a uma série de postagens para contar fatos interessantes acontecidos nas campanhas eleitorais falando depois sobre as gestões dos eleitos.
Na política sempre há muitos insultos e provocações foi o que aconteceu entre os Jânio, Erundina, FHC e Maluf.
Em 1° de janeiro de 1989, Luiza Erundina de Souza assumiu o cargo de prefeita, depois de uma eleição bem disputada em turno único. Sua vitória foi sobre Paulo Maluf, com pequena margem de votos.
Primeira mulher a gerir os destinos da capital paulista, cuja população na época era de 9,8 milhões de habitantes, a paraibana de Uiraúna, antes vereadora, ganhou a eleição fazendo oposição ao então prefeito Jânio da Silva Quadros.
O homem da vassoura defendeu durante sua gestão a implantação de garagens subterrâneas e um túnel por baixo do Rio Pinheiros, priorizando assim o transporte individual.
Para contrapor, a candidata passou a defender caso fosse eleita, investimentos na melhoria do transporte coletivo.
Mas a política é contraditória, enquanto Jânio instituiu na cidade ônibus dois andares, beneficiando o transporte coletivo, Erundina, em sua gestão, inaugurou um os dos túneis do Anhangabaú e construiu mais um ponte na Marginal do Pinheiros, a Ponte Bernardo Goldfarb.
Jânio instituiu a Guarda Civil Metropolitana - GCM e Erundina os “marronzinhos" da Companhia de Engenharia de Tráfego - CET” que ela preferia chamar de “amarelinhos”.
Foto de 1987 aponta o surgimento dos "Arcos do Jânio" após derrubada de antigos sobrados |
Durante sua campanha eleitoral, Luiza Erundina, que era vereadora, criticava em plenário o ex-presidente - prefeito que retrucava na mesma medida.
As discussões eram tantas que o nosso eterno chefe, José Paulo de Andrade, chegou a dizer em uma das edições do programa O Pulo do Gato que Jânio e Erundina, faziam lembrar a dupla musical “Jane e Herondy”, que fazia sucesso com uma música sobre um casal que vivia brigando, mas se amava profundamente. O nome da música? "Não se vá".
Conhecido em São Paulo por ter sido de tudo um pouco; prefeito, governador e presidente da República que renunciou sete meses depois de assumir, o varre-varre vassourinha estava de volta 25 anos depois.
Tendo sido prefeito entre 1953 e 1955, retornou em 1986 alimentando polêmicas com nuances engraçadas, uma característica dele.
A primeira coisa foi a desinfetar a cadeira onde se sentava o prefeito.
“Desinfeto. Por ter sido ocupada por nádegas indevidas”, explicou.
Seu adversário na ocasião, o então senador Fernando Henrique Cardoso, dias antes da eleição foi ao gabinete do então prefeito, Mario Covas e tirou fotos sentado em sua cadeira.
Jânio utilizou aquilo em seu favor, acusando o gesto de arrogante pelo fato da eleição ainda não ter acontecido.
De fato, FHC que até aquele momento estava na frente nas pesquisas acabou perdendo.
Montagem reúne foto de FHC na cadeira do prefeito e Jânio fazendo a desinfecção dias depois |
Eleito prefeito, Jânio Quadros deu início às suas decisões polêmicas, a primeira delas mandar colocar cercas em volta dos parques públicos sem consultar os vereadores.
Houve reclamações e petições em contrário, mas as cercas permaneceram e estão lá até hoje, ninguém mais reclama delas.
Depois mandou demolir, na calada da noite, um conjunto de antigos sobrados no bairro da Bela Vista, até então considerados de patrimônios históricos.
Aconteceu que ao se derrubar as antigas casas, se descobriu - sem querer - uma construção ainda mais antiga; um paredão erguido em tijolos para escorar o morro mais acima estava coberto pelos sobrados.
Não se encontrou na prefeitura nenhum documento que confirmasse a data daquela edificação, portanto, a obra encontrada valia mais, em termos de preservação, do que a existente antes. Daí, o apelido de “Arcos do Jânio”.
Jânio dispensou as capas do paletó, mas passou a vesti-lo com camiseta no mesmo tom |
De vez em quando o prefeito dava escapulida até Londres, cidade que dizia adorar. Depois se descobriu que havia outros motivos naquelas viagens.
Sem comunicar à Câmara Municipal que estava saindo em viagem, deixava os vereadores furiosos.
Depois, imitando os londrinos, levou adiante seu projeto de colocar em São Paulo, ônibus de dois andares para o transporte coletivo.
Em 8 de setembro de 1987, São Paulo virou Londres recebendo o "Fofão", apelido dado pelo povo |
Nada parecia abalar o burgomestre que quase ao final de seu mandato, conseguiu aprovar a proposta de se construir o túnel que passa por baixo do Rio Pinheiros na direção do Morumbi.
Aí então, Luiza Erundina volta à nossa história.
Foto mostra Luiza Erundina, em 1989, sentada na mesma cadeira desinfetada por Jânio |
Como queria priorizar o transporte coletivo, a "Tia" já eleita, argumentou que a continuidade da obra do túnel sairia cara demais aos cofres públicos,
Quatro anos se passaram e o adversário dela na eleição anterior, Paulo Maluf, saiu candidato novamente e dessa vez levou a melhor.
Eleito prefeito, mandou concluir a obra que sua antecessora havia deixado para trás e o túnel acabou pronto em 1994
Foi assim que o burgomestre virou nome de uma importante obra viária de São Paulo |
Hoje para se chegar ao Túnel Presidente Jânio Quadros, é necessário passar antes pela Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, por ironia do destino seu antecessor na chefia da nação.
No curto período em que foi presidente, JQ criticou muito JK e vice-versa.
Agora os dois seguem juntos, emprestando suas nomenclaturas a duas vias públicas unidas em uma mesma direção, coincidência que na época ninguém notou.
Antiga foto de jornal mostra Jânio e Juscelino aderindo à Frente Ampla de 1967 |
O mais importante de tudo que foi contado é que todos os nomes citados foram eleitos pelo voto direto.
Sendo assim, viva a democracia!
Viva a Democracia, Caro Amigo Geraldo Nunes. Viva o nosso direito de escolher livremente os nossos governantes.
ResponderExcluirMuito bacana a matéria lembrando grandes personagens políticos da nossa cidade. Muito bacana
ResponderExcluirPARABÉNS GERALDO ,BELAS LEMBRANÇAS DA HISTÓRIA PAULISTANA
ResponderExcluirLembranças interessantes da nossa vida política.
ResponderExcluirValeu compartilhar mais lembranças da nossa história.
ResponderExcluirExcelente artigo, Geraldo! Historiando a cidade de São Paulo.
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