Não fui o primeiro a fazer reportagens aéreas sobre o trânsito de São Paulo e nem poderia, sempre deixei isso bem claro.
Ainda sou mocinho, hehe!
Mas me considero um
dos pioneiros neste setor, porque ajudei consolidar um trabalho que ainda estava no começo.
Claro que na Rádio Eldorado outros sobrevoaram antes de mim: Wilson Dias e Vera Gomes, por exemplo.
Passei a ser titular no cargo de repórter aéreo da Rádio Eldorado, em
setembro de 1989, mas fui demitido da emissora em dezembro de 1991.
Sérgio Camargo, que agora ganha manchetes nos
jornais pelas frases polêmicas à frente da Fundação Palmares, foi quem me demitiu.
Ele ocupou a chefia da rádio interinamente e sobre esse episódio - garanto de minha parte - não ficaram mágoas.
Afinal, fui recontratado em abril de 1992 por ordem do
diretor-executivo João Lara Mesquita.
O repórter Jorge Machado de Souza, então titular do
helicóptero, tinha deixado a emissora.
Segui de volta ao posto que fez de mim marca
registrada da Rádio Eldorado por mais de duas décadas, para esses assuntos.
Somando tudo sobrevoei São Paulo durante 21 anos, até dezembro de 2010.
Foram cerca de 15.300 horas de voo e calculo ter feito mais de 60 mil
boletins de trânsito.
Sigo trabalhando como jornalista e, sinceramente, não sinto saudades dos helicópteros.
O que tenho são recordações e muitas histórias para
contar, por isso procuro escrevê-las neste blog.
Acredito ter sido o único repórter aéreo a ganhar uma charge: Márcio Wagner/Caixa Preta Publicidade |
Um quase xará, Genilson Araújo, começou a sobrevoar o Rio de Janeiro, em reportagens aéreas de trânsito na mesma época que eu.
O mais interessante é que o Genilson ainda segue nessa atividade.
São cerca de 30 anos de sobrevoos e certamente é o repórter aéreo com mais horas de voo em todo o País, quiçá no mundo.
Sua história começou Rádio Jornal do Brasil do Rio de Janeiro.
Em 1990 se estabeleceu uma parceria da Eldorado/SP com
a JB.
O Genilson entrava com um boletim sobre o trânsito do
Rio e eu daqui falava para o Rio de Janeiro.
Uma prestação de serviço inusitada até então.
Um operador de som brincou certa vez: “Poderiam
criar uma dupla sertaneja: Genilson e Geraldo”.
Não conheço pessoalmente o
Genilson Araújo.
Sei que depois da JB ele trabalhou 20 anos no Sistema
Globo de Rádio
Transferiu-se em 2016 para o Globocop do RJ/TV todas as manhãs.
Genilson Araújo também lançou livro falando de suas peripécias nos ares da cidade maravilhosa |
Outros repórteres aéreos pioneiros merecem lembrança.
Franz Netto, do helicóptero Abelhudo
Cofap-Bandeirantes, sobrevoou São Paulo na década de 1970.
O conheci nos anos 1980 quando ele estava na
Rádio Capital e eu nao Bandeirantes.
Visitei sua casa após convite para um churrasco com
direito a bailinho ao som de um toca-discos.
Acreditem: Cheguei a voar nesse Enstrom prefixo PT-HDG e com ele desci em um pouso forçado em um terreno baldio |
Aluani Neto, de quem também fui amigo, me contou ter sobrevoado São Paulo pela Jovem Pan na mesma época do Franz.
Tanto a Pan de Aluani, quanto a Bandeirantes de Franz Netto, modificaram suas rotas.
Deixaram de prestar serviços pelos céus de São Paulo, antes do final daquela década.
Além do custo operacional elevado, havia problemas
técnicos causados pelo excesso de ruído a bordo.
Aluani Neto aparece segurando o microfone na entrevista com Emerson Fittipaldi tendo ao lado Claudio Carsughi |
Outro nome para registrar é o de Murilo Antunes Alves
que sobrevoou o estádio do Pacaembu em 1946 quando fez um pouso no gramado.
Foi para uma promoção da Rádio Record realizada no dia de um jogo decisivo
do campeonato paulista daquele ano.
Murilo Antunes Alves nos tempos da Rádio Record |
Mas a entrada da Rádio Eldorado na cobertura aérea de
trânsito merece uma história a parte.
Entrevistei durante as comemorações dos 50 anos da
emissora, em 2008, o publicitário Geraldo Leite.
Ele contou que
em 1986 houve uma mudança estrutural, inclusive no nome que passou a ser Nova Eldorado AM.
Uma reunião foi marcada em uma agência de publicidade nos Jardins, para definir novos projetos.
"Durante a reunião surgiram poucas ideias até cair uma
tremenda chuva, com relâmpagos e trovoadas", contou Leite.
Os participantes da reunião começaram a reclamar que
encontrariam dificuldades no trânsito e o resultado da reunião acabou sendo excelente.
"Decidimos, graças ao mal tempo, criar um serviço de
informações do trânsito por helicóptero...
... a cidade de São Paulo jã não
dispunha mais daquele serviço e no mesmo encontro a Ford decidiu patrocinar", esclareceu.
Geraldo Leite, além de publicitário é compositor de músicas ao lado de Paulo Tatit, do Grupo Rumo |
Surgiu então um modelo novo de prestação de serviço com
linguagem moderna e diferenciada através do rádio.
Ficou acertado que, na Eldorado, o repórter aéreo só poderia falar na primeira pessoa.
Objetivo foi passar a impressão de que se estaríamos falando para um amigo sobre como escapar do congestionamento.
Vale salientar: Tudo isso em um tempo onde não havia telefonia celular
e nem se sonhava com o Waze.
Essa iniciativa inédita levou o diretor-executivo João
Lara Mesquita a criar uma chamada:
“Eldorado, pioneira na cobertura do trânsito com
helicópteros”.
As emissoras concorrentes não gostaram da frase de João Lara Mesquita por causa das coberturas do passado, mas o diferencial positivo, de fato, era enorme |
As concorrentes tentaram relembrar seu passado, mas a imagem estava consolidada em nosso favor e assim permaneceu por um bom tempo.
Muito do que inovamos naquele tempo segue sendo levado em prática por algumas emissoras |
Mais para frente contarei como foi o dia do meu primeiro sobrevoo por São Paulo em um helicóptero.
Também falaremos em futuro próximo da nova geração de voadores nas rádios da atualidade.
Voce foi um dos pioneiros sim Geraldo
ResponderExcluirSempre acompanhei seu trabalho Geraldi fez parte da minha rotina logo no inicio da manha nos anos 90 com o De olho na Cidade! Fez historia no radio brasuleiri com certeza!
ResponderExcluirGrata por ter se lembrado de mim!!! Aqui Vhera Gomes!!!
ResponderExcluirPra mim, Geraldo Nunes foi e sempre será o único Repórter Aéreo.
ResponderExcluirConhece São Paulo como ninguém.
A maioria dos clones confundiam nomes de ruas, bairros, pronúncias...eram um fiasco!
Grande Geraldo Nunes! Pioneiro na forma, sim! Estivemos juntos nessa empreitada, com tempestades às vezes, com céu de brigadeiro noutras, mas curtindo a paixão do rádio, da tensão e da atenção permanentes.Nos céus congestionados de SP, nas ruas e avenidas, Guia Mapograf entre os joelhos para dar uma opção aos engarrafados do dia. Adrenalina todas as manhãs, ao ouvir a vinheta, lá de cima. Quanta coisa boa já vivemos juntos. Até a Verinha apareceu. Abraço a todos e saibam que o melhor está por vir!
ResponderExcluirEu não poderia ter deixado de citar sua brilhante participação como repórter aéreo da Rádio Eldorado.
ExcluirSensacional relato, parabéns pelo jornalismo de excelência e de prestação de serviços feito durante décadas!
ResponderExcluirSaudades da Eldorado AM. Geraldo Nunes sempre no rádio do carro para nos nos ajudar.
ResponderExcluirEu sempre serei grato ao Geraldo Nunes, quando comecei minha carreira como Repórter foi no Transito e um dia me encontrei com ele no COPOM que me passouum monte de dicas, materiais e pautas que ele utilizou em seu boletim sobre o transito.
ResponderExcluirObrigado Geraldo