sexta-feira, 12 de junho de 2020

O Dia dos Namorados nos céus de São Paulo: Conheça histórias de amor a bordo dos helicópteros


O Dia dos Namorados celebrado em 12 de junho por todo o Brasil, me fez recordar passagens interessantes ligadas à aviação e ao amor.

Nada mais sublime que acordar a namorada - depois esposa - pairando com o helicóptero na janela do apartamento.

Essa história que merece estar na cena de algum romance de cinema, é verdadeira e aconteceu assim que me tornei repórter aéreo.

Outros casos interessantes envolvendo histórias de amor ou paixão nos céus de São Paulo, merecem relato.

Sonhos e ilusões de amor também acontecem nas alturas

Voei com um piloto considerado bonitão pelas mulheres, ele despertava a atenção das repórteres aéreas.

Algumas, em tom de brincadeira, chegaram a me dizer: “Falte no emprego amanhã, assim poderei voar no seu lugar.”

Azar dele que em vez de viajar ao lado das beldades do universo jornalístico tinha mesmo era que voar comigo.

Ainda assim este comandante acabou se casando com uma jornalista que voou com ele em várias coberturas.

Saindo à janela para ver o namorado passar de helicóptero: Nada mais romântico

Houve um piloto que namorou uma repórter da Nova Eldorado AM, mas que terminou tudo ao descobrir que ela fumava.

Alegou não gostar de ver mulheres fumando na sua frente, embora naquele tempo (início dos anos 1990) o hábito do fumo fosse considerado charme no meio social.

Homens e mulheres tabagistas fumavam livremente em bares, restaurantes e outros lugares públicos.

Ocasionalmente alguém reclamava, já havia campanhas contrárias ao tabagismo, mas ainda não existiam leis proibitivas ou fumódromos. 

Seguindo adiante, um piloto que se tornaria dono de uma escola de pilotagem, sobrevoou comigo a cidade inúmeras vezes.

Para sair fora das paqueras dizia que namorava uma garota imaginária chamada Meméia, uma espécie de "menina veneno".

O termo entre aspas se refere a uma música de sucesso na época.

Tempos depois esse piloto se casou, só não sei se o casamento foi com a imaginária Meméia - se é que ela existiu mesmo, mas hoje é pai de dois filhos.

As repórteres e seus pilotos: Durante o voo não dá muito tempo para conversar, depois é que pode acontecer a paquera

Teve um caso triste de uma comandante que namorava um piloto que servia às rádios na cobertura de trânsito.

Ela atuava para a Jovem Pan e ele para a Eldorado.

Durante o voo trocavam conversinhas pela fonia, eu achava aquilo romântico.

Logo depois esse piloto deixou de servir nossa emissora porque conseguiu um outro emprego em um helicóptero mais possante. 

Acabou se envolvendo em um acidente lamentável e morreu.

Sua jovem consorte, que também pilotava, ficou tão abalada com a perda do namorado, que acabou deixando a profissão.

Muitos casais consideram os helipontos um local romântico para se fazer um pedido de casamento

Um caso envolvendo um piloto apaixonado, entretanto, me deixou certa vez em situação embaraçosa.

Se tratava de um comandante experiente, instrutor de voo de um helicóptero espaçoso com motor turbo e capacidade para três passageiros.

Seu coração estava comprometido com uma oficial da aeronáutica, ficaram noivos faltando apenas marcar a data do casamento.

Havia no Campo de Marte uma jovem também apaixonada por ele que não largava do seu pé.

Insistiu tanto que acabou conseguindo uma carona para voar conosco em uma tarde de domingo.

Era mais um daqueles finais de semana prolongados e fomos cobrir a volta do paulistano das praias.

O Enstrom 280 FX é um helicóptero onde cabem piloto, repórter e passageiro

Embarcamos os três, ela sentada no meio.

Durante o voo, sobrevoando o Sistema Anchieta-Imigrantes, reparei que a garota nem olhava direito para a paisagem.

Estava mesmo interessada em ver o que o piloto fazia, seus procedimentos e sua conversa pela fonia que ela também acompanhava.

Munida de um fone semelhante ao dele, ouvia as mensagens entre os pilotos e me pareceu deslumbrada.

Na hora do pouso a surpresa:

A noiva, oficial da aeronáutica, estava de pé esperando pelo comandante.

Para não brigarem ele fez um pedido inusitado para sua acompanhante de bordo:

“Ao desembarcar saia do helicóptero de mãos dadas com o Geraldo”.

Ela pareceu não acreditar: “O que foi mesmo que você disse?”

“Ao sair, vá de mãos dadas com o Geraldo até o hangar ", repetiu ele.

Foto faz lembrar a cena que precisei enfrentar, mãos dadas para não causar briga entre o piloto e sua noiva
Foi uma surpresa também para mim, mas resolvi ficar calado.

Estendi minha mão meio sem graça e ela aceitou.

Seguimos assim até o carro de reportagem, com motorista, que nos aguardava do lado de fora.

A moça seguiu com a gente, sentada no banco de trás e eu no banco do passageiro da frente.

Nós a deixamos na estação Tiradentes do metrô e o motorista sem entender direito o que se passava.

Ao descer do veículo, na entrada do metrô, a funcionária do Campo de Marte se despediu e percebi um fio de lágrima em seu rosto.

Enfim, desencontros do amor.

Charge faz lembrar o enlace entre um piloto e sua noiva também aeronauta

Mas não se trata de uma história triste, depois a moça do Campo de Marte encontrou seu par.

Portanto, contamos histórias envolvendo amores desfeitos, mas também os que se concretizaram e geraram frutos.

Nesse nosso texto: O Dia dos Namorados nos céus de São Paulo, teve de tudo.

Aos leitores poetas ou compositores, segue a sugestão para que façam músicas ou poesias para essas histórias.





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