Em São Paulo tudo é possível desde que possa gerar
lucros.
Na capital do progresso vimos transformações
extraordinárias durante os nossos 21 anos de sobrevoos diários a bordo de
helicópteros.
Assistimos, por exemplo, a transformação lenta de um
prédio em construção abandonado que pertenceu à Eletropaulo.
Aos poucos se transformaria em dos edifícios mais luxuosos que a cidade já viu em toda a sua história
Sua obra paralisada antes ainda de 1989, quando comecei a voar, só foi retomada
em 2002 para se transformar numa referência arquitetônica.
Esta era a visão aérea que tínhamos do esqueleto da Eletropaulo na década de 1990 |
No alto da foto em imagem recente aparece o mesmo prédio transformado agora na Torre Santander |
Essa história começou assim: A Eletropaulo era uma empresa estatal de energia
elétrica fundada pelo governo paulista no início da década de 1980, após aquisição
da antiga Light & Power.
O prédio que serviria de sede para a nova empresa
então surgida, teve sua construção paralisada por falta de verbas.
Ficou aquele esqueleto que víamos diariamente em nossos
sobrevoos pela Marginal do Rio Pinheiros, altura da confluência com a Avenida Juscelino
Kubstcheck.
Foram anos e anos vendo do alto a mesma cena entre
carros e congestionamentos diários.
Em 1999 a Eletropaulo Metropolitana foi privatizada
passando seu controle acionário para um grupo empresarial liderado pela AES
Corporation Houston Industries Energy.
Depois, em 2018, quem passou a controlar a
distribuição de energia elétrica na cidade de São Paulo foi a empresa italiana
Enel, que adquiriu a AES Eletropaulo por R$ 5,5 bilhões.
Mas, vamos ao que interessa. Antes que tudo isso
acontecesse, a AES Eletropaulo negociou
o esqueleto de concreto abandonado na Marginal do Pinheiros em 2002.
A empresa compradora do antigo esqueleto de concreto foi a W.Torre, a mesma construtora que
mais tarde faria o Allianz Park para a Sociedade Esportiva Palmeiras.
Na foto aérea de 2011 se observa a construção da atual Arena do Palmeiras tendo ainda ao fundo a antiga arquibancada |
Em preços da época (2002) a W.Torre pagou R$ 175
milhões pelo “Esqueleto da Eletropaulo, concluindo a obra em 2009.
O Banco Santander, por sua vez, gastou R$ 1,06 bilhão para
a compra do prédio inteiramente pronto.
Quem passa pela Marginal do Pinheiros hoje nem se dá
conta que o luxuoso prédio ficou mais de 20 anos abandonado na forma de um
esqueleto de concreto.
Nessa foto do final da década de 2000 já se percebe a pujança da luxuosa torre surgida |
Passados 10 anos e meio desde o término dessa construção,
o Complexo JK - Torre Santander é uma referência em termos técnicos de
arquitetura para construção de edifícios corporativos.
O edifício possui um total de 28 andares com lajes a
partir de 1553 m² e conta com 21 elevadores sociais.
A Torre ornamenta em beleza o corredor de tráfego da Marginal do Pinheiros, faltando agora despoluir o rio ainda fétido |
O empreendimento possui também 90 mil m² de área locável e certificação LEED - categoria Gold.
Por todos esses acontecimentos envolvendo a obra tendo
como resultado uma solução lucrativa em benefício de toda a sociedade, a
empresa W. Torre ganhou o Prêmio Master Imobiliário 2010 oferecido pelo
Secovi-SP – Sindicato da Habitação.
Resultados assim servem para mostrar o lado bom de São
Paulo, uma cidade onde quase tudo é possível.
Uma projeção em computador feita quando da retornada do projeto |
Informações obtidas após pesquisas nos jornais Folha
de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo.
Geraldo, você escreve muito bem, sempre ouvia você na saudosa Eldorado, continue assim, sempre mantendo viva a memória de São Paulo
ResponderExcluirHistória viva e contemporânea que Geraldo Nunes traz para os paulistanos, especialmente para os jovens arquitetos.
ResponderExcluirLegal, mais uma bela história dos bastidores de São Paulo. Parabéns.
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