O carnaval 2020 está aí e a água servida à população
do Rio de Janeiro continua com gosto e cheiro de terra.
Algas nascidas dentro das águas do manancial do Guandu
que serve a cidade, da espécie geosmina, é a responsável por este gosto e sabor
nada atraentes.
Fico pensando nos turistas estrangeiros hospedados nos
luxuosos hotéis da zona sul do Rio, tendo que tomar banho de chuveiro com essa
água que depois deixará especialmente nos cabelos um cheiro não muito
agradável.
Apesar dos especialistas dizerem que não há riscos à
saúde dos consumidores que eventualmente beberem dessa água, recomendamos que
não o faça.
Ainda que usada para fazer comida, o gosto de terra
passará para os alimentos.
Essa recomendação vem de uma situação já vivida pelos
paulistanos, cerca de 13 anos atrás.
Em 2007 após um longo período de estiagem, com a volta
das chuvas, as águas da represa Guarapiranga foram tomadas por algas que também deram
o mesmo gosto e sabor estranho.
Fotografia aérea mostra uma parte da Represa Guarapiranga cujo nome em tupi significa barro vermelho ou lamaçal |
Diferente da foto acima, a proliferação de algas na ocasião foi tamanha que chegou à tona, podendo ser fotografada no nosso helicóptero.
Essa foto aérea é nossa tirada em uma manhã onde havia nevoeiro. O verde sobre as águas é a da vegetação nociva |
Na tentativa de minimizar o problema da proliferação
de algas dentro da represa, as autoridades da época determinaram que, parte das
águas da Guarapiranga, fosse bombeada para o Rio Pinheiros.
Assim, da mesma forma que a Guarapiranga, também o
Pinheiros ficou repleto de algas.
Este é o Rio Pinheiros próximo da Ponte João Dias com suas águas tomadas pelas estranhas algas vindas da Guarapiranga |
Na ocasião não citaram o nome geosmina, mas o
acontecimento levou o governo do Estado a desativar parte do abastecimento da
represa para a população.
Desde então, a Guarapiranga não mais serviu suas águas aos
bairros de classe média alta da capital paulista.
Até 2007 a água que saia nas torneiras da Avenida
Paulista e região dos Jardins, vinha dessa represa de Santo Amaro.
Além da Paulista e Cerqueira César, outros bairros
como Paraíso, Vila Mariana e Ipiranga não mais recebem águas da Guarapiranga.
Deste modo a ninguém mais reclamou, mas o problema não
está resolvido, apenas adiado por uma alternativa que ainda segue viável.
Se algo acontecer com o Sistema Cantareira, que desde
então passou a abastecer a maioria dos bairros, exceção da zona leste servida
pelo Sistema Alto Tietê, a população cidade São Paulo corre o risco de ter em
suas torneiras uma água parecida com essa servida à população carioca.
Em 2014, devido a um prolongado período de secas, o
Sistema Cantareira passou a operar no volume morto, quando seus reservatórios chegaram
a ficar com apenas 8,2% de sua capacidade utilizável.
Foi o pior nível desde 1974, ano em que o sistema
localizado na região norte da Grande São Paulo foi criado.
Foto aérea mostra imagens do Sistema Cantareira hoje |
Neste outra foto aérea vemos o Sistema Cantareira durante o período de estiagem em 2014 |
Para complementar gostaria de dizer que tenho extremo
apreço pelos mananciais que rodeiam a capital paulista.
Todos foram criados pela ação dos nossos engenheiros mas, embora feitos por mãos humanas, atraem para si os efeitos da natureza,
preservando árvores e pássaros.
Gosto tanto de nossas represas que passei a estudar a
história da construção de algumas delas. Se você leitor ou leitora estiver com tempo de sobra,
assista esse vídeo onde falo sobre a Guarapiranga.
Vídeo produzido por Pedro Gorski,
Não sabia da mudança de abastecimento para alguns bairros. Problema de abastecimento de água em São Paulo é sério e não vemos progresso na melhoria da qualidade e percentual de atendimento à população. Grata por compartilhar.
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