domingo, 20 de novembro de 2022

Conheça o pioneirismo do rádio brasileiro nas transmissões esportivas das copas pelo mundo afora

O terceiro Campeonato Mundial de Futebol realizado na França, em 1938, é considerado um marco na história do rádio brasileiro.

Durante o evento aconteceu a primeira transmissão esportiva em rede nacional, feita diretamente da Europa.


O jogo de estreia da seleção brasileira, em 12 de junho de 1938, foi contra a Tchecoslováquia e a partida terminou empatada em 1x1.


Coube a façanha ao locutor esportivo paulista, Leonardo Gagliano Neto, de narrar os jogos para uma cadeia de emissoras formada pelas rádios Clube do Brasil e Cruzeiro do Sul, do Rio de Janeiro, Cosmos e Cruzeiro do Sul de São Paulo, mais a Rádio Clube de Santos.

Os demais quatro jogos que o Brasil participou, além da partida final Itália 4x2 Hungria, foram do mesmo modo irradiados, com uma qualidade de som que surpreendeu a todos.

Naquele tempo, as transmissões radiofônicas de longa distância, eram feitas por emissões de ondas curtas integradas por um sistema de antenas coligadas.


Essas informações fazem parte da monografia elaborada pela saudosa professora de radiojornalismo, Gisela Swetlana Ortriwano, ainda nos tempos em que fui seu aluno na Universidade Metodista – UMESP – São Bernardo do Campo – SP.

Nesse trabalho, Gisela escreveu que em 1938, o Brasil parou para ouvir as irradiações de Gagliano Neto:

“O povo, incrédulo e fascinado com os sons vindos do outro lado do oceano, vibrava. Quem não tinha rádio em casa, se aglomerava no Largo do Paissandu, em São Paulo, ou diante da Galeria Cruzeiro, no Rio de Janeiro”.

De 1938 até 2022 foram exatas 20 copas do mundo transmitidas pelo rádio. Enumerar todos os radialistas que participaram dessas transmissões internacionais, ao longo de 84 anos, seria por demais trabalhoso. Mas se faz necessário, homenagear o torcedor brasileiro que acompanha o futebol com muito gosto pelo rádio.


Ainda existem aqueles que comparecem ao estádio, levando seu radinho de pilha. Outros exageram, como é o caso do seu Zé do Rádio, conhecido torcedor do Sport Recife. 

Ele carrega consigo um aparelho gigante para ver e ouvir o que falam de seu time toda vez que vai ao estádio. 

O seu Zé garante que o rádio é um "amigo fiel", porque o ajuda compreender tudo que acontece no gramado com os detalhes, que só os repórteres esportivos sabem transmitir.

Há também, como é o meu caso, os que gostam de ouvir as transmissões esportivas pelo rádio do automóvel, geralmente em uma estrada movimentada nos domingos de volta para casa.

A conversa alegre que envolve o futebol, torna a rotina do tráfego menos cansativa. Nos lares, há os que acompanham na poltrona as imagens pela televisão e a narração do jogo pelo rádio, se bem que a tecnologia dificultou essa prática, por causa dos downloads que causam delay e atrapalham a sincronia entre o som do rádio e a imagem da TV. 

Isto colocou o rádio ainda mais na frente quando o assunto é informação. Quando o locutor esportivo grita gol, a diferença entre o tempo real e codificação de alguns provedores costuma variar de 6 a 30 segundos até que a TV consiga mostrar a bola na rede. 

Por isso, quando o jogo está morno, bola pra lá - bola pra cá, alguns ainda preferem acompanhá-lo somente pelo rádio, graças ao dinamismo que os narradores esportivos acrescentam ao movimento dos jogadores em campo.


Certamente não está faltando ouvintes para as emissoras de rádio que estão transmitindo esta Copa do Mundo direto de Doha, no Catar. 

Notei que a quantidade de anunciantes, em vez de diminuir, aumentou neste mundial em relação à copa transmitida da Rússia, em 2018.

A CBN, por exemplo, vendeu 9 cotas de patrocínio, algo acima da média. Parabéns aos gestores. 

Isto se deve à ampliação dos recursos da tecnologia que agora possibilitam ouvir rádio via internet pelos aplicativos nos celulares em android e nos smartphones. 

Este avanço fez aumentar a quantidade de ouvintes e por conseguinte de patrocinadores. 

Conclusão: O rádio seguirá vivo por tempo indefinido, contrariando aqueles que, vez por outra, anunciam seu fim.

Confira a lista das rádios brasileiras que estão transmitindo em rede, a Copa do Mundo 2022 ao vivo no Catar:

Rádio CBN

Rádio Globo FM Rio

Rádio Bandeirantes

Band News FM

Transamérica FM

Energia 97 FM

Jovem Pan

Rádio Itatiaia

Rádio Jornal Pernambuco

Rádio Gaúcha


    Desejo sorte ao scratch brasileiro


Fontes: Portal Money Times e FRANÇA 1938, III COPA DO MUNDO - O RÁDIO BRASILEIRO ESTAVA LÁ – Monografia: Gisela Swetlana Ortriwano – Graduada em Jornalismo pela ECA/USP - 1972 e mestra em História do Rádio

7 comentários:

  1. Obrigado pelas informações.
    Estarei ouvindo a Energia97fm.

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  2. Posso dizer que sou irmão de várias estações de rádio pois convivi com várias delas muitos anos. Piratininga, Cruzeiro do Sul, Jovem Pan, Record, Cultura e outras, principalmente a Bandeirantes que, até hoje, faz parte da minha casa. Não conheço um terço da televisão do que conheço do insubstituível radio. É ele, que me põe a par do que vai e vem desse mundão. Sinto falta de muita coisa boa que ouvia. Por exemplo: as novelinhas da Rádio São Paulo. Da Record então nem se fala! Que lacuna deixaram o velho Manoel Duraes, Vida Alves (a beijoqueira), Walter Forst, César Monteclaro, Waldemar Ciglione , Ribeiro Filho é muito mais. A dupla mirim, Erlon Chaves e Valter Avancini. E os auditórios? Frequentava todos! Tenho cinco aparelhos espalhados pela minha casa. Todos “emperrados” na Bandeirantes. Atualmente o que falta , são bons programas musicais. Aliás, o que existem por aí são umas drogas. Música boa, hummm ! Abraço. Irineu Santos.

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    1. Oi Geraldo ! Saudade do amigo! Eu também tenho aparelhos espalhados pela casa toda. Embora meio aborrecido com a Band, ainda é ela a única a ser ouvida. Alguns momentos do dia vejo o pouco que me interessa na tv. Pouco mesmo ! Agora ganhei um aparelhinho Alexa mais sofisticado que atende a música e o intérprete pedidos. Então, está mais fácil-não há necessidade de se locomover, é só falar. Ainda tenho bronca de todo mundo da Band ! Ninguém é capaz de mencionar a Rua Líbero Badaró como um dos endereços da rádio! Nem o especialista Parron! N’outro dia, liguei para o Pedro Campos, do Pulo do Gato, dando-lhe uma “pegada”. Foi no dia do tango. Quando ele citou “ El dia que me quiera” só mencionando Carlos Gardel como compositor, omitindo o nome do seu maior parceiro “Lepera”. Aí , jogou a “bomba”pra Silvania Alves. Abraços !

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  3. Muitas Copas, especialmente para ouvir os comentários, acompanhei pelo rádio. Mas essa especificamente, no Catar, não está me atraindo... Não pretendo assistir nenhuma partida da 1ª fase. Nos mata-mata, talvez... Entuchar 8 estádios num país que é metade da área de Sergipe, e em grande parte desértico, não tem nada a ver! Como escreveu Sérgio Augusto, escolha "catarstrófica". Pura ostentação, puro negócio. Nem pelo rádio estou acompanhando...

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  4. Horas atrás entrei no seu canal do São Paulo de todos os tempos pelo Spotify, será mais uma fonte de aprendizado e histórias.
    Grande abraço meu amigo 👍 ótima semana 🙏 Emilio Toaliari Junior via Facebook.

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  5. 👏👏👏👏👏👏 muito bacana a história das copas,,,i rádio sempre foi e será companheiro do homem... tenho um rádio portátil e sei que até num momento de guerra quando desligarem internet,, energia e outros acontecimentos o rádio será único comunicador para receber notícias. Abração Geraldo Nunes,, parabéns pelo sua vida no rádio. Alcides Ferreira via WhatsApp

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  6. O rádio faz parte da vida das pessoas. Até hoje muitas pessoas vão aos estádios e escutam a transmissão no rádio. Legal a retrospectiva e também congratulo os anunciantes que fortalecem esse tipo de comunicação.

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