Logo após ter surgido, o rádio passou a mostrar o poder de seduzir a imaginação das pessoas através dos ouvidos.
Capaz de ser mais lúdica que os olhos, a audição consegue levar as pessoas a imaginar o rosto de um locutor ou uma cantora através da voz.
Embora a tecnologia tenha desfeito muitos desses mitos imaginários, a partir do surgimento da televisão e mais recente com as webcans nos estúdios radiofônicos, ainda assim, o poder da voz ainda tem força entre os que gostam de ouvir rádio.
Isto ajuda explicar o interesse despertado quando da escolha das Rainhas do Rádio, nos tempos dos programas de auditório.
A ideia surgiu em 1937, mesmo ano em que a Ditadura Vargas se institucionalizou com a implantação do Estado Novo.
Talvez por isso não tenha ocorrido de início uma eleição entre os ouvintes, para a escolha de sua primeira rainha que acabou sendo a cantora Linda Baptista.
“Este nome veio do consenso entre os artistas”, nos explicou em uma antiga entrevista, o escritor Reynaldo Tavares, de saudosa memória, grande pesquisador do rádio no passado.
O "mandato" de Linda Batista, assim como o de Getúlio, foi longo, durou 11 anos até 1948, quando sua irmã Dircinha Baptista, também foi escolhida como rainha.
A
grande polêmica, entretanto, começou no ano seguinte, quando se estabeleceu a
escolha através do voto popular e a vencedora foi Marlene, que aparece na foto acima, após acirrada
disputa pelo voto com Emilinha Borba, situação que fez das duas, eternas
rivais.
Marlene, uma paulistana da Bela Vista, cujo nome de batismo era Vitória Bonaiutti, levou para o Rio de Janeiro, o patrocínio da Companhia Antárctica que colocava no mercado o Guaraná Caçula.
Com o dinheiro pago pelo patrocinador, o empresário de Marlene, comprou toda uma edição da Revista do Rádio, que promovia o concurso, e mandou preencher os cupons com o nome dela.
Desgostosa, Emilinha Borba - Emilia Savanna Borba - que tinha chances de vencer, retirou-se da competição
Marlene foi eleita com 529.982 votos e no dia da entrega do prêmio, a cidade maravilhosa amanheceu forrada de cartazes onde, Marlene aparecia em uma foto tomando o guaraná caçula e os fãs de Emilinha ficaram doidos.
Tal atitude deu início a uma guerra entre as duas cantoras, que passaram a se desafiar abertamente na busca de títulos e homenagens, sempre no intuito de superar a adversária.
Quando Emilinha obteve o título de “A Favorita da Marinha”, Marlene não deixou por menos e deu o troco se tornando “A Favorita da Aeronáutica”.
Mas se fizermos um ranking entre Rainhas do Rádio da Nacional Rio, nem Marlene e nem Emilinha seriam as vencedoras.
A mais votada entre todas as rainhas pertencentes à
Rádio Nacional do Rio de Janeiro foi Ângela Maria, eleita em 1954, com mais de um milhão de votos.
Tentaram depois em 1958, quando o concurso já estava decadente, escolher um galã para fazer dele o “Rei do Rádio”, mas não deu certo. O vencedor foi o cantor Francisco Carlos, chamado na época de El Broto.
CONCURSO
RAINHA DO RÁDIO AO LONGO DA HISTÓRIA
VENCEDORAS:
1937
- LINDA BAPTISTA*
1948
- DIRCINHA BAPTISTA**
1949
- MARLENE - 529.982 VOTOS
1951
- DALVA DE OLIVEIRA - 311.107 VOTOS
1952
- MARY GONÇALVES - 744.826 VOTOS
1953
-EMILINHA BORBA - 691.515 VOTOS
1954
-ÂNGELA MARIA -1.464.996 VOTOS
1955-
VERA LÚCIA- 565.636 VOTOS
1957-
DORIS MONTEIRO- 875.605 VOTOS
1958-
JULIE JOY- 350.421***
(*, **) - Não houve eleição para a escolha das duas
primeiras rainhas do rádio
(***) – Eleita ao lado de Francisco Carlos
Em São Paulo também houve Rainhas do Rádio, mas este
assunto será tratado em nossa próxima postagem.
EMILINHA BORBA, MARLENE, ANGELA MARIA,DALVA DE OLIVEIRA E LINDA BATISTA
ResponderExcluirEra de OURO DO RÁDIO
ResponderExcluir👍👏
ResponderExcluirMuito bom!
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