A Prefeitura de São Paulo deu início aos preparativos para demolição do prédio que pegou fogo na região da Rua 25 de Março, no dia 10 de julho de 2022.
O incêndio que durou mais de 60 horas abalou as
estruturas do edifício e ficou definido que não haverá implosão.
Operários serão elevados por guindastes para destruir
a estrutura de cima para baixo e a demolição total deve durar até seis meses.
A Igreja Ortodoxa Antioquina da Anunciação à Nossa
Senhora, que faz parte da história da região, foi atingida.
O templo considerado o mais antigo desta religião no
Brasil, foi inaugurado em 1904.
Ali se reúnem para as celebrações, remanescentes dos imigrantes sírio-libaneses, netos e bisnetos de origem cristã.
A artista plástica Cristiane Carbone registrou essa igreja em uma de suas pinturas que ajudam a contar um pouco da história da cidade e isto pode colaborar, futuramente, na restituição da fachada original.
Uma das ruas paulistanas mais conhecidas em todo o Brasil, é a 25 de Março, graças ao comércio popular de tecidos, roupas de cama, mesa e banho, além dos artigos de bazar e papelaria.
Fazem parte da vizinhança ruas como a Cavalheiro Basílio Jaffet, Comendador Abdo Schahim e a Ladeira Porto Geral, cujo nome se deve a um porto de areia existente no passado, nas margens do Tamanduateí que por ali passava.
O pequeno porto servia ao desembarque das mercadorias vindas
de Santos, trazidas por pequenas embarcações.
Bastante sinuoso em seu traçado original, o Tamanduateí
também era chamado de Rio das Sete Voltas, devido ao emaranhado de curvas na região
da Várzea do Carmo, parte que hoje se chama Glicério.
Após sua retificação completa, o Tamanduateí passou a ter cara de um riacho, como mostra a pintura de 1894, assinada por Antônio Ferrigno.
A Rua 25 de Março ganhou este nome por uma homenagem da prefeitura à data de promulgação da nossa primeira Carta Magna, assinada por Dom
Pedro I, em 1824.
Mas quem retratou a região de forma exuberante, foi Benedito Calixto no quadro ‘Enchente na Várzea do Carmo’, de 1892.
Clique sobre a pintura para ampliá-la em seu celular.
Esta paisagem foi registrada dois anos antes da pintura de Antônio Ferrigno ser desenhada e nela se destaca a visão exuberante que se tinha do Rio Tamanduateí.
O Pátio do Colégio nesse tempo servia como mirante. Dele e da Rua Boa Vista, ainda é possível ver a baixada onde está agora o Parque Dom Pedro II e uma parte do Brás, naquele tempo repleto de chácaras, casarios e algumas das primeiras chaminés ao fundo.
Na pintura se observa à esquerda, o antigo Mercado dos
Caipiras, substituído anos depois pelo atual Mercado Municipal, inaugurado em
1933.
Uma fotografia já do século 20 mostra o Mercado dos Caipiras decadente e quase vazio, sem a presença do Tamanduateí nas proximidades. A retificação do rio levou anos para ser concluída.
Quanto à situação atual, um véu deve ser colocado no alto do prédio incendiado para
impedir que os escombros da demolição se desloquem e venham cair sobre outros edifícios ou até mesmo transeuntes.
A implosão, que seria um processo mais rápido, foi
descartada por causa de possíveis abalos nas edificações vizinhas.
O prédio atingido pelo fogo tinha 79 salas comerciais onde funcionavam lojas, escritórios e depósitos. Os prejuízos ainda estão sendo calculados.
Fonte: O Estado de S. Paulo - Gonçalo Junior
😪
ResponderExcluirÓtimo resgate sobre a região da 25 de Março e o recente incêndio. Parabéns.
ResponderExcluirLembro dessa igreja ortodoxa. Eu era criança e estranhava demais a igreja sem torres, entre prédios. Acredito na recuperação do Centro. Uma hora a degradação cansa e começa a ser revertida.
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