segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Cop26 aponta contradições: No Brasil e no mundo famílias passam fome em meio ao desperdício de alimentos

A fome no mundo está na pauta dos temas a serem discutidos durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 - Cop26, que acontece em Glasgow, na Escócia e prossegue até 12 de novembro.

Um relatório produzido pelo Institution of Mechanical Engineers, aponta que o mundo produz por ano cerca de 4 bilhões de toneladas de alimentos, para uma população estimada em 7,8 bilhões de habitantes em todo o planeta. 

Metade dessa população vive em centros urbanos e 50% da comida que consome se perde principalmente em razão do desperdício doméstico, ao mesmo tempo em que 2 bilhões de habitantes de todos os continentes, passam diariamente pela insegurança de não ter o que comer no dia seguinte.

Cálculos apontam que se não houvesse no mundo tanto desperdício, sobraria comida para alimentar a todos e ninguém passaria fome.


Em 1968, o compositor Geraldo Vandré, já alertava:
“...pelos campos a fome em grandes plantações...” De lá para cá, ao que parece, pouca coisa mudou. 

Em nossa postagem anterior, falamos de famílias inteiras perambulam pelo centro de São Paulo enfrentando, além da falta de moradia, a incerteza alimentar de cada dia. 

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura – FAO pretende levar aos líderes mundiais reunidos na Cop26 propostas para solucionar o problema da fome no mundo.


A FAO possui também estudos referentes ao Brasil que apontam a pandemia do coronavírus e a recessão econômica, entre as causas do agravamento da fome entre as famílias e as classes sociais menos favorecidas, muito embora comida em excesso continue sendo jogada fora por mero desperdício.

Em cada ano, os brasileiros colocam na lata de lixo 26,3 milhões de toneladas de alimentos em condições de consumo, muito embora 14 milhões de brasileiros passem fome, como apontam os números.

Segundo cálculos da FAO, o montante desperdiçado daria para satisfazer as necessidades nutricionais de 11 milhões de pessoas.

A Empresa Brasileira de Estudos Agropecuários - Embrapa, possui um levantamento feito em 2018, no qual aparece o desperdício de quase 1.300 kg de comida por ano, média aproximada de 41,6 kg por pessoa.

Conforme a Embrapa, os alimentos que mais vão para o lixo são arroz (22%), carne bovina (20%), feijão (16%) e frango (15%), ou seja, os ingredientes típicos do nosso PF.

Este mesmo estudo revela que o desperdício doméstico de alimentos no Brasil acontece pelos seguintes fatores comportamentais entre os habitantes:

77% - Colocam comida fresca à mesa diariamente jogando fora a sobra do dia anterior.

68% - Compram em quantidade acima do necessário para manter a despensa abastecida.

59% - Jogam fora as sobras da comida que ficou na panela, ou na travessa e ninguém da casa quis consumir.

56% - Preparam seus alimentos duas ou mais vezes por dia reiterando a ideia de que ‘é melhor sobrar que faltar’.

Um dos representantes da FAO no Brasil, Daniel Balaban, defende a organização de um trabalho por parte dos órgãos governamentais na forma de conscientizar as famílias para a mudança de seus hábitos de consumo.

Em relação à fome, Balaban propõe a criação pelas prefeituras de programas voltados à agricultura familiar e de orientações nas escolas sobre o consumo sustentável aos alunos.

Hoje mais do que nunca, o mundo e em especial o povo brasileiro, precisam unir forças para enfrentar os desafios da fome e dar apoio aos mais carentes.

 

Fontes: Agência Brasil, Akatu e Portal Embrapa





3 comentários:

  1. Questão nº 1, fundamental! A fome é uma desumanidade que se expressa em dor física e psicológica. É uma questão antiga, mas hoje muito agravada. Pra superá-la, será preciso muita vontade e foco, coisas inexistentes hoje. Tenhamos esperança.

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  2. Geraldo aqui em SP nos anos 80 havia uma churrascaria famosa, logo na entrada da avenida que vai pra USP, bem pertinho da "paineira" os antigos vão se lembrar, o proprietario dessa churrascaria percebeu que muitas pessoas reviravam o lixo depois do encerramento, para pegar os restos dos churrascos, então chamou esse pessoal e todas as carnes que sobravam do dia, fazia marmitex e cada um recebia seu quinhão, limpo,organizado, sem os lixos espalhadas pelo chão, sabe o que aconteceu? Algum "poderoso" denunciou e a prefeitura foi lá e multou a churrascaria, por estar ajudando moradores de rua!!! Ou seja os "poderosos" não mexem uma palha pra ajudar os menos favorecidos, se vc fizer algo parecido , vão no seu estabelecimento, multam e ameaçam fechar!!!
    Kenjy Honda - no Facebbok.

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  3. É verdade, Kenji Honda, um amigo meu, Speranzini, montou um esquema de recolher alimentos que sobravam no fim da noite nos restaurantes, para distribuir aos sem-teto. A Vigilância Sanitária proibiu. Luiz Roberto de Souza Queiroz - no Facebook.

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