quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Tarcísio Meira: O maior entre os galãs de novelas em todos os tempos

 Há uma passagem importante da minha vida na qual o ator Tarcísio Meira faz parte e por isso sempre será lembrado.

Em 1971, aos 12 anos de idade, passei por um tratamento médico pré-cirúrgico da coluna vertebral denominado tração craniana.

Para isso fiquei internado e como não tínhamos TV portátil, minha mãe assistia a novela Irmãos Coragem, anotava as cenas principais e depois me contava no hospital o que tinha acontecido. 

Tarcísio para mim era o maioral, João Coragem era seu nome na novela, para mim a pessoa mais honesta e injustiçada do Brasil.


Após a cirurgia na coluna e já recuperado compareci ao Cine Astor, na Avenida Paulista, em um ônibus fretado pela escola onde estudava, para assistir ao filme Independência ou Morte, em setembro de 1972.

O filme, dirigido por Carlos Coimbra, foi lançado para comemorar os 150 anos do Grito e o jovem Tarcísio Meira fez o papel de Dom Pedro I. Sua esposa Glória Menezes, no filme interpretou a amante do imperador, a Marquesa de Santos (Domitila de Castro).

Tarcísio Meira iniciou sua carreira no teatro e foi contratado para ser o galã das novelas da TV Excelsior.

Em uma entrevista ele contou que havia alguns diretores argentinos e eles insistiam para que no Brasil se fizessem novelas. 

“A gente reagia contra, porque não era teatro, era uma coisa nova, diferente. Não nos sentíamos à vontade fazendo, mas fizemos porque éramos contratados da emissora e nos espantamos ao ver que dias depois da estreia a novela era um sucesso”, explicou o galã.


Sobre a ida para a TV Globo, em 1967, disse que sua primeira novela na emissora de Roberto Marinho foi “Sangue e Areia”, uma adaptação de Janete Clair, com direção de Daniel Filho. 

“Tudo foi feito com muito pouco recurso, minha roupa de toureiro era muito bonita. Quando tínhamos que gravar, íamos para o terraço da emissora e improvisava-se uma arena para eu tourear”, revelou Tarcísio Meira. 

O ator também fazia elogios sobre a importância de Janete para a dramaturgia brasileira e o talento dela para escrever personagens marcantes.


Quanto ao meu herói das novelas, João Coragem, o ator dizia que o papel lhe rendeu ainda mais destaque como gênio da atuação. 

A novela Irmãos Coragem foi considerada uma produção de altíssimo nível, em comparação às anteriores e foi um ponto de virada para melhor na teledramaturgia brasileira.

Depois que a gente cresce e começa a trabalhar, quase não surge tempo para assistir novelas.

O último papel de Tarcísio Meira na televisão que pude acompanhar na íntegra foi A Muralha, levada ao ar no início da década de 2000 pela Rede Globo. 

Na trama desenvolvida nos tempos da fundação de São Paulo, ele é o vilão Dom Jerônimo, um falso moralista inquisidor da Igreja.

Com sua morte, morreram para mim todos esses personagens, inclusive Dom Pedro I, a meu ver imagem e semelhança de Tarcísio Meira, o maioral das novelas.

Nunca mais, nada será como antes no coração dos fãs e admiradores da televisão brasileira. Vá Tarcísio, descanse em paz!




5 comentários:

  1. De fato, não houve galã maior que Tarcísio Meira da TV brasileira. Irmãos Coragem foi um super-sucesso, pela sua inovação e, muito, pela atuação de Tarcísio. Eu tinha 7 anos então, e consigo lembrar da emoção ao assistir essa novela. Inesquecível.

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  2. Infelizmente, os maiores atores estão indo embora. Tarcísio Meira além de talentoso, era um galã.

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  3. Grande Tarcísio. Nasceu em 5 de outubro de 1935, em São Paulo. Por parte de pai, há informações de que descendia da aristocracia sul-mineira e investigações genealógicas chegaram até o mítico Mártir da Independência, Tiradentes. Por parte de mãe, descendia de não menos notáveis troncos paulistas, os Arruda Botelho, os Paes Lemes, os Cerqueira César.

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  4. Bom dia Geraldo. Temos a mesma idade, lá trás nos anos sessenta, eu menino, também me encatava com aquele super heroi que eu assistia em preto e branco na tv do meu tio Zé.
    Sangue e Areia, sim foi sua primeira novela que assisti.
    Por acaso, um dia destes, assisti ao filme de 1963 "Casa pequenina" do Amacio Mazzaropi e fiquei surpreso ao ver um jovem com o rosto de Tarcísio Meira. Sim era ele, jovem, talentoso e já com uma atuação muito marcante.
    Que quizer matar a saudade, assista aqui https://youtu.be/Fij0KakzIBk

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  5. Perda irreparável. Os bons estão partindo. Faz parte da vida e da história. Ele era fenomenal, insubstituível. Que Deus o guarde em luz, trouxe muita alegria a todos. Cumpriu sua missão.

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