segunda-feira, 9 de agosto de 2021

As Paralimpíadas e o Rádio

As Paralimpíadas de Tóquio começam agora em 24 de agosto e se estendem até o dia 5 de setembro de 2021.

Neste ano a delegação brasileira terá no Japão 253 paratletas competindo em 20 modalidades.

O presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro - CPB, Mizael Conrado, estima que o país irá alcançar entre 60 e 75 medalhas.


Previsões apontam para uma classificação no quadro geral de medalhas entre as 10 primeiras nações do mundo.

O CPB acredita que neste ano o Brasil chegará à sua centésima medalha de ouro, pois faltam apenas treze para atingir essa meta.

Outra previsão é superar as conquistas dos Jogos Rio 2016, quando foram 14 medalhas de ouro, 29 de prata e 29 de bronze.

Não se trata de exagero nem de soberba dos dirigentes, é que tradicionalmente o Brasil consegue mais medalhas com os paratletas do que com os atletas olímpicos.

Um dos motivos é o fato do nosso país permanecer entre os campeões mundiais de acidentes de trânsito e violência urbana.

Na reabilitação das vítimas desses infortúnios, o esporte entra como a terapia que mais ajuda na devolução da autoestima.


Contei tudo isso antes para dizer que fui o primeiro repórter a apresentar no Rádio os resultados de uma paralimpíada.

Em 1988, trabalhando para a Rádio Bandeirantes, conversei com Gilberto Frachetta, então presidente do Movimento de Defesa das Pessoas com Deficiência – MDPD.

Ele me contou que o Brasil iria participar da Paralimpíada de Seul, cujo início se daria após a Olimpíada que estava sendo disputada naquele momento na capital da Coreia do Sul.

Achei aquilo uma novidade interessante, pois confesso também desconhecia a existência de esportes olímpicos voltados a pessoas com deficiências no Brasil.


Naquele tempo não havia internet e toda notícia vinda do exterior chegava somente por teletipos, mas acreditei que viriam informes semelhantes ao da olimpíada normal.

Conversei então com o José Paulo de Andrade, na época diretor de jornalismo, meu chefe na Band AM.

Ele me autorizou falar sobre a Paralimpíada de Seul desde que fosse apenas um boletim diário no programa Bandeirantes Acontece de Antônio Carvalho, na parte da tarde.

De minha parte não imaginava que iria encontrar tantas dificuldades para obter os resultados das competições, não chegava nada pelos teletipos das agências internacionais.

Não havia nem onde ligar para obter ajuda e no fim das contas noticiei apenas a abertura e o encerramento daquela competição, ainda assim precisei "cozinhar" as notícias publicadas pela Folha de S. Paulo.

Somente agora com os recursos da tecnologia consigo explicar as dificuldades que encontrei na época.

Os Jogos Paralímpicos de 1988, disputados na Coreia do Sul, foram os primeiros a serem organizados por um comitê internacional de coordenação.

Segundo historiadores, esta edição dos jogos é considerada a gênese do movimento paralímpico moderno.

Ainda assim, houve transtornos em Seul nas questões de acessibilidade nos locais dos jogos e foi necessário construir outra vila olímpica adaptada às condições existentes.

No quadro geral de medalhas o Brasil obteve na Paralimpíada de Seul, a 25ª posição com 27 medalhas, sendo 4 de ouro, 9 de prata e 14 de bronze, quantidade maior que na olimpíada.

Naquele mesmo ano de 1988, na Olimpíada de Seul, dias antes, nossos atletas conquistaram 6 medalhas, 1 de ouro, 2 de prata e 3 de bronze e ficaram na 24ª posição.

Acredito que na Rádio Bandeirantes de hoje ninguém saiba quem foi o primeiro a falar sobre Paralimpíadas naqueles microfones, mas estou aqui para contar essas histórias.

Falarei mais ainda sobre o Rádio e as Paralimpíadas nas próximas postagens. 

Aguardem!



 

 

 

 



4 comentários:

  1. Lembro-me dessa sua passagem radiofônica

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  2. Parabéns ao "desbravador" dessa categoria de reportagem!!!

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  3. É um absurdo todo o alarde que se faz com as Olímpiadas, transmissão ao vivo e vasta cobertura e nas Paralimpíadas somente notas de rodapé, ou comentário rápido em telejornais e rádios. Nossos paratletas dão de 10x0 em nossos atletas e não têm o reconhecimento público do que fazem pelo nosso país. Basta ver o quadro de medalhas de todas as competições.

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