segunda-feira, 17 de maio de 2021

Sinto falta dos Long-Plays: Além das músicas, quase todos traziam capas geniais

Está fazendo um ano - maio de 2020 - que recebi de um amigo, em pleno avanço do coronavírus e isolamento social, o desafio de apresentar no Facebook as fotos dos 10 álbuns que mais influenciaram o meu gosto pela música. 

Um álbum por dia, durante 10 dias consecutivos, sem a necessidade de explicações. "Não precisar dar opiniões, só as capas", me explicou. Como jornalista, não consegui ficar sem escrever algo a respeito. Afinal, diria Roberto: "São tantas emoções!"


Comecei falando de Abbey Road que para mim, é o melhor álbum da história do rock. O Lado B deste disco dos Beatles cheio de faixas curtinhas onde uma vai se interligando à fazendo um só segmento é uma das maravilhas que mais deliciaram os meus ouvidos.



Sou capaz de amar os Beatles e os Rolling Stones sem ter que compará-los. Os dois são sensacionais. Let It Bleed, álbum lançado após a separação dos Beatles, fazendo um contraponto a Let it Bee, mostra a união perfeita do blues com rock'n roll.

Há no bom sentido, um duelo de guitarras sensacional entre Keith Richards e Mick Taylor. Não dá para ficar sem elogiar após ouvir tamanha joia musical. Qualquer pessoa que de fato, gosta de música fará elogios a este disco.


O Deep Purple foi a "boa nova" musical da minha vida. Nunca tinha ouvido nada igual até 1974 quando descobri esse grupo.

As músicas faziam parte do que se chamava de rock pauleira, mas com um toque harmonioso oferecido pelo tecladista John Lord.

Ele dava sustentação musical à banda. Canções como Burn, You Fool No One e Mistreated, presentes no disco, são boas de ouvir até hoje.


Entusiasmado com o  Deep Purple, quis comprar o álbum duplo Made in Japan, gravado ao vivo em Tóquio, no ano de 1972. A minha condição financeira de estudante, entretanto, não me permitia adquirir um álbum duplo. 

Eis então que, um colega de sala de aula do Colégio Gualter da Silva, Renato Lena, me disse que tinha esse álbum na casa dele e que não ouvia. Se eu quisesse, ele me venderia por um preço baratinho. 

Feito o negócio, ouvi Made in Japan pela primeira vez em 1975, três anos depois de seu lançamento e me engasguei tentando acompanhar o desempenho do vocalista Ian Gillan, dono de um pulmão fantástico.


A capa do álbum “The Dark Side of the Moon”, nada tem a ver com um símbolo LGBT, as cores deste movimento vieram depois. 

O prisma com as cores do arco-íris utilizado pelo Pink Floyd, faz referência ao famoso experimento do físico Isaac Newton, sobre a composição da luz. 

Aprendi isso nos meus tempos de Gualter, no Moinho Velho - Ipiranga. Lá, me ensinaram, que as cores do prisma girando em grande velocidade se decompõem levando à coloração branca. 

Criamos um "Disco de Newton" para a nossa feira de ciências, sempre lembrado todas as vezes que deparo em algum lugar com a capa do Long-Play do Pink Floyd.

Lançado em 1973, a música Us and Them era executada na programação da Rádio Excelsior, a "Máquina do Som" e o toque romântico desta canção ganhou destaque nos nos bailinhos de luz negra da minha adolescência. Nessa idade, tudo é lindo, divino e maravilhoso. Uau!

O álbum The Dark Side Of the Moon me ajudou compreender que pode a música lenta também servia de linguagem ao rock. O Pink Floyd também abriu portas para que nós brasileiros passássemos a ouvir a música progressiva  que marcou parte dos anos 1970.

O título "Krig-ha, Bandolo!" faz referência a um grito de guerra do personagem Tarzan das revistas em quadrinhos e significa: "Cuidado, aí vem o inimigo".

Ouvi a letra de Ouro de Tolo, que quase não cabe dentro da música, no programa de Hélio Ribeiro, na Rádio Bandeirantes, quando estava almoçando. 

Precisei parar de comer e me aproximei do rádio para escutar direito o que ele dizia.

Na mesma semana recebi minha mesada e comprei o LP que também traz Al Capone, Metamorfose Ambulante, Mosca na Sopa, enfim a nata de Raul.

Meus irmãos se admiraram quando apareci com este disco em caso, para eles considerado disco chato. Um pouco mais velhos do que eu, já ouviam 
Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Elis Regina, etc. 

"Gosto desses todos, só que eu quero ouvir Raul também", expliquei. 

Raul Seixas segue sendo ouvido não só pelos roqueiros, mas por quem gosta da moderna MPB e até pelos sertanejos. Ninguém mais duvida que Raul virou ídolo de todas as torcidas e ideologias. Mais até do que Elvis, Raul Seixas não morreu.


O que há de mais lindo neste disco é a capa. Rita Lee aparece portentosa, após seu desligamento dos Mutantes, tendo seguido adiante com o Tutti-Frutti.

Houve um show que ficou meses em cartaz no extinto Teatro Aquarius e fui até lá com os meus amigos para assistir. 

Nunca havia visto alguém com tanta presença de palco, não consegui desviar os olhos dela durante o show inteiro.  Ainda gosto de ouvir as faixas deste LP, guardado comigo em sua versão original em vinil de 1975. 

Por favor, se alguém visitar algum lugar e se encontrar com Rita Lee, passem o meu recado. Digam a ela que eu ainda a amo.

Destaques deste disco para: Agora Só Falta Você, Esse Tal de Roque Enrow e Luz del Fuego, sem esquecer claro, da emblemática Ovelha Negra.


Eu só conhecia o Joelho de Porco de nome, até o dia em que passando na Rua 24 de Maio, entrei na loja de discos Brenno Rossi e pedi para ouvir o Long-Play dessa banda. 

Gostei tanto que comprei na hora. Estava com 17 anos e sonhava em seguir a carreira de vocalista, igual a Próspero Albanesi, voz principal do Joelho de Porco que eu procurava  imitar. Achava os tons dele parecidos aos meus.

Sei de cor e salteado todas as letras das faixas deste disco, então eu não tenho como deixar o "Joelho" de fora desta minha lista de favoritos.


Foi uma escolha difícil porque são tantos os discos bons do Led Zeppelin que a gente até fica na dúvida, mas escolhi o Led III.

Este LP me inspirou a compor uma música chamada Blues Tentador.

A canção do Led Zeppelin à qual me refiro é Since I've Been Loving You, que considero a melhor interpretação de Robert Plant.


O tempo foi passando, 1984. Já trabalhando como jornalista, li a notícia que a gravadora do The Police decidiu lançar uma coletânea com os singles da banda.

Não havia ainda me atido ao início do The Police porque achava que se tratava de uma banda comercial que é como se dizia na época sobre os artistas que aceitavam se submeter aos interesses comerciais das gravadoras.

Ao ouvir o cantor Sting interpretando em um tom acima da média e com o baterista Stewart Copeland trazendo uma batida inovadora, percebi que o grupo tinha qualidade

Cheguei a dizer aos amigos que depois dos Beatles, foram eles os que mais inovações trouxeram ao rock. 

Essa é uma tese que ainda defendo. Nas canções do The Police quase não aparece uma segunda guitarra. 

Andy Summers, o guitarrista segura a onda de maneira magistral. A partir do The Police, os longos solos começaram a desaparecer pouco a pouco.


Completadas as 10 postagens, pedi ao amigo que me lançou o desafio pelo Facebook, Welliton Morgan, que me desse um bônus, ou seja, a possibilidade de colocar mais um disco, seria então o 11°.

Não poderia deixar de fora o álbum Cabeça Dinossauro, o terceiro dos Titãs que representou para eles o auge da banda nos anos 1980.

Para mim, este LP representou o ponto mais alto em termos de qualidade em relação a tudo o que se produziu no rock brasileiro. 

Enfim, o avanço da tecnologia levou à perda do lúdico e da magia que as capas dos Long-Plays nos ofereciam.

Daria até para se resgatar mais histórias musicais aqui, mas por hoje é só.


Um comentário:

  1. Adorava esta época de espera por um lançamento de um long-play. Era um acontecimento. Quando conseguia comprar, era uma felicidade enorme e escutava quase até furar. Bons tempos.

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