O Edifício Copan tem o formato de uma onda, as paredes internas e os corredores também fazem curva lá dentro.
A elaboração deste projeto arquitetônico pra lá de ousado na época em que foi concebido, se deu em 1951 e o anúncio da construção foi feito durante as comemorações do Quarto Centenário de São Paulo - 1954.
Quem projetou o Copan foi o arquiteto Oscar Niemeyer quando Brasília ainda não existia, mesmo assim era um profissional já bem conhecido e muito elogiado pelos entendidos.
O edifício só ficou pronto em 1966 e se transformou rapidamente uma das marcas
registradas de São Paulo, pela imponência de sua construção com 35
andares, além de dois subsolos de garagem, uma ousadia para a época.
O Copan nasceu para ser uma pequena cidade que ostenta em seu piso térreo uma galeria com capacidade para
52 lojas e um cinema extinto na década de 1980 para dar lugar a um templo de uma
igreja evangélica.
O surgimento deste prédio foi cheio de controvérsias visto que a ideia original era de se construir um imóvel de alto padrão com apartamentos espaçosos e super luxuosos.
O proprietário, se quisesse, poderia além de morar ter
ali mesmo seu escritório porque os três primeiros andares foram projetados para fazer parte da área
comercial do prédio.
Anexo há um edifício que pertence ao Bradesco, mas
proposta original era fazer dele um hotel também luxuoso.
Durante a obra, entretanto, os interessados passaram a desistir da compra por causa do alto preço das unidades e a construtora decidiu modificar o empreendimento.
Oscar Niemeyer discordou das mudanças e deixou o
projeto, sendo substituído pelo arquiteto Carlos Lemos.
No lugar dos apartamentos classe A, foram
colocados à venda unidades menores distribuídas em conjuntos de três quartos e também quarto-sala integrados, chamados naquele tempo de kitchnetes.
Ao todo foram vendidos 1.160 apartamentos distribuídos em seis blocos, que passaram a compor aquele que foi durante muito tempo, o maior edifício residencial da América Latina.
O pavimento térreo possui uma galeria com espaço para abrigar 72 lojas, mais o cine-templo
evangélico.
Lá residem hoje cerca
de 5 mil moradores e o nome Copan se deve à empresa que construiu o prédio;
Companhia Pan-América.
Durante a década de 1980 o Departamento do Controle de Uso de Imóveis da Prefeitura de São Paulo - Contru - notificou o Copan por problemas com fiação elétrica, encanamentos e outras situações que todos os arranha-céus enfrentam quando não recebem a devida manutenção.
Foi quando a administradora do condomínio decidiu contratar um síndico que com o tempo se tornou praticamente o prefeito do prédio.
No cargo desde 1993, Affonso
Celso Prazeres de Oliveira, segue mesmo agora no enfrentamento da pandemia, comandando o prédio gigante, considerado uma cidade dentro da
metrópole.
Cheguei a entrevistá-lo no programa São Paulo de Todos os Tempos para a Rádio Eldorado, em 1997. Na ocasião ele se recusou a comparecer no estúdio alegando falta de tempo, então fui até ele.
Em seu escritório me apresentou um verdadeiro museu repleto de documentação e fotos relativas ao arranha-céu, inclusive algumas mostrando o que havia no terreno antes da construção.
Existia a Vila Normanda, um
conjunto de residências bem ao estilo dos casarões europeus de primeira linha.
Em 2007, quando Oscar Niemeyer completou 100 anos de vida, o síndico Affonso Celso prestou uma homenagem ao arquiteto e estampou o número 100 na fachada da majestosa construção.
A crise econômica tem prejudicado as finanças do Copan, em 2020 um total de 26 lojas em funcionamento no prédio fecharam suas portas devido aos prejuízos decorrentes do distanciamento social.
O Edifício Copan tem uma história muito interessante de moradores ilustres. Um deles é Plínio Marcos que se tornou lenda, por ter sido um dos atores mais bem
pagos do Brasil nos tempos da TV Tupi, largou tudo por razões pessoais e políticas.
Chamado de “ o autor maldito”, Plínio Marcos se transformou em escritor e passou a viver da venda dos seus livros repletos de assuntos polêmicos envolvendo questões sociais e violência.
Só que viver do que se arrecada com livros no Brasil sempre foi algo muito difícil e o artista passou a imprimir ele próprio suas obras e
saia vendendo nas portas dos teatros e nas faculdades.
Quando não havia lugares para ir, Plínio Marcos
montava sua banca em frente ao Copan e ali vendia ao público os seus trabalhos.
Trabalhei ao lado dele pela Rádio Capital em uma cobertura
dos desfiles de carnaval na Avenida Tiradentes, em 1982.
Plínio Marcos morreu em 1999, quando já não mais residia no Edifício
Copan. Essas são apenas algumas das passagens em torno dos acontecimentos que envolvem este arranha-céu, mas
existem outras.
Um livro da escritora Regina Rheda que leva o título “Arca
sem Noé: Histórias do Edifício Copan”, é tão rico em acontecimentos que no ano
do seu lançamento - 1994 - a autora recebeu o prêmio Jabuti como melhor obra
literária para provar que este baluarte da memória continuará sendo ainda por muito tempo, um lugar cheio de novidades.
Veja mais fotos do Copan e da Vila Normanda.
Arquitetura revolucionaria para a epoca
ResponderExcluirÉ um ícone de São Paulo. Conhecia alguns apartamentos, todos bem estruturados e aconchegantes. É uma comunidade, onde muitos se conhecem e se ajudam. Pena que está ficando abandonado.
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