domingo, 14 de março de 2021

Abandono do centro coloca em risco as Dianas de São Paulo

O quadro crítico de abandono verificado na região central da cidade de São Paulo deixa dúvidas sobre a permanência de estátuas e monumentos públicos que visitei durante um curso de extensão universitária realizado anos atrás.


O estudo desenvolvido pela professora historiadora, Maria Lúcia Perrone Passos, no início dos anos 2000, resultou em aulas presenciais nas ruas do centro no circuito Sé – República – Luz e depois na região da Paulista e Parque Trianon.


A população sempre apressada não se dá conta das belezas existentes nas obras de arte esparramadas pela cidade, vítimas do descaso e da sujeira nas vias públicas.

Aquele levantamento mostrou uma série de curiosidades como a presença de várias Dianas esculpidas ou pintadas por artistas plásticos de renome.


Diana é uma deusa greco-romana que glorifica a luminosidade, a lua e a presença dos animais na Terra.

Filha legítima de Júpiter, obteve do pai o direito de não se casar, para continuar edificando santuários nos bosques destinados à reprodução das espécies.

Entre os paulistanos há exemplos de várias dessas esculturas, uma delas no tradicional Parque da Luz, onde a deusa pode ser visitada no conjunto formado pelo aquário, a ilha dos amores e o lago.

Os gregos a chamavam de Artemis, a deusa que obteve de Zeus, a companhia de 60 ninfas para protegê-la e louvá-la. A partir do domínio da Grécia pelo Império Romano, recebeu o nome Diana.


Sua representação mais famosa, é esta da foto acima, no Museu do Louvre, em Paris. A escultura de 1790, leva a assinatura de Jean-Antoine Houdon, onde a deusa aparece de pé.


Em São Paulo, a
Diana esculpida pelo artista plástico Victor Brecheret, toda em mármore, felizmente está salva. Se encontra presente na parte interna do Teatro Municipal. Nessa escultura ela aparece sentada, tendo um bicho de estimação ao lado.


Uma Diana muito bonita que conheci na Praça do Correio, não sei se ainda está lá. Como o bulevar do Anhangabaú seguiu em reformas mesmo durante a pandemia, pode ser que foi retirada. 

Certa vez essa estátua chegou a ser roubada e depois de localizada pela polícia, voltou ao lugar de origem, mas faltando parte do braço esquerdo.

Seu nome é Diana Caçadora; toda em bronze, foi doada à prefeitura pelo Liceu de Artes e Ofícios.

Existem na capital paulista outras três Dianas em telas pertencentes ao acervo do Museu de Arte de São Paulo - MASP, na Avenida Paulista.


Uma delas leva o nome: O Banho de Diana, é de François Clouet, de 1572. A outra é de Eugène Delacroix, de 1798 e se chama Diana surpreendida por Acteão.


Do famoso artista plástico Ticiano Vecellio, o Masp possui a tela cujo título é, Diana e Callisto, de 1556.


Esta que aparece acima, é a Diana, do Largo do Arouche, embora alguns digam que não se trata de uma Diana.

O nome dessa estátua em bronze é, Depois do Banho e seu rosto é o de uma mulher indígena, por isso a discussão. Seria ela, uma Diana Tropical?

O Largo do Arouche ainda pode ser considerado o ponto de encontro das esculturas, com muitos bustos perfilados um ao lado do outro.

Até pouco tempo atrás, quando morria um integrante da Academia Paulista de Letras, se erguia um busto em homenagem ao imortal, mas alguns desses bustos em bronze foram roubados, sendo assim, se decidiu por fim às homenagens.

Até onde sei, a Diana Tropical do Arouche seguia por lá, mas por causa da pandemia e porque está cada vez mais difícil se visitar o centro sem voltar deprimido, não tenho visitado a região nem mesmo de carro.

Quem te viu, quem te vê, amado centro! Restaria em ti preservadas algumas dessas obras de arte? 

Quem souber pode me enviar respostas nas redes sociais ou no espaço para comentários deste blog.

 

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