sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Tebas, arquiteto e escravo ganha escultura na Praça Clóvis no Dia da Consciência Negra

 A notícia da homenagem prestada a Tebas, o arquiteto negro que viveu entre os séculos 18 e 19 e levou as águas do Anhangabaú até um bebedouro público da Rua Direita, despertou alegria nos estudiosos de nossa história, em especial, dos que preservam e cultivam a memória paulistana.

Não foram poucas as vezes em que nos referimos a Tebas, cujo nome de batismo era Joaquim Pinto de Oliveira, no programa São Paulo de Todos os Tempos pela Rádio Eldorado.

Foi ele também o responsável pela conclusão da reforma da velha Igreja da Sé, demolida para dar lugar à atual Catedral Metropolitana.


Foto aérea mostra a junção entre a Praça da Sé e a Clóvis onde foi colocada a escultura do mestre Tebas


Autodidata, talhava pedras para serem usadas nas construções e desse trabalho prestado ao seu proprietário que era mestre de obras, vieram depois as criações consideradas geniais para aquela época.



           Desenho mostra o bebedouro criado por Tebas, na confluência da Sé com a Rua Direita


Coube ao arquiteto negro, a responsabilidade de ornamentar a antiga igreja do Mosteiro de São Bento, depois demolida em 1911, para dar lugar à edificação agora existente.


      Antigo cartão postal mostra a igreja velha do Mosteiro de São Bento que Tebas ornamentou


Outra construção importante com sua participação foi da igreja da Ordem Terceira do Carmo, localizada bem no início da Avenida Rangel Pestana, conforme ilustração abaixo.


       Esta é a Igreja da Ordem Terceira do Carmo em seu formato original onde Tebas trabalhou


Em nossos programas na Rádio Eldorado entrevistamos, certa vez, o senhor Abelias Rodrigues da Silva, que trabalhou na cidade como motorneiro, ou seja, conduzia bondes.

Ao se aposentar, dedicou-se aos assuntos que diziam respeito a Tebas, personagem ao qual desejava dedicar um livro.

O antigo motorneiro morreu sem realizar este sonho, mas o arquiteto escravo do século 19 foi reconhecido, embora tardiamente.


  A velha Igreja da Sé não ficava onde se encontra a catedral e sim na entrada da Rua Boa Vista


Tebas morreu em 1811, e só bem depois no século 21, é que o Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo – Sasp, o reconheceu como profissional do setor, no ano de 2018.

E o sonho do senhor Abelias se concretizou por completo, graças ao livro “Tebas: Um Negro Arquiteto na São Paulo Escravocrata”, lançado em 2019 pelo jornalista Abílio Ferreira.

No texto é explicado que o proprietário de Tebas, era Bento de Oliveira Lima, mestre de obras contratado para reformar a então igreja da Sé, morto antes da conclusão, tendo Tebas comandado os trabalhos até o final.

Endividada, a família do proprietário vendeu Tebas para a Igreja, tendo ele obtido sua alforria aos 58 anos. Depois, seguiu trabalhando como arquiteto até o fim da vida.


   A obra de arte e seu autor, o artista plástico Lumumba Afroindígena


A escultura dedicada a Joaquim Pinto de Oliveira, o Tebas, foi instalada entre a Sé e a antiga Praça Clóvis. Sua inauguração aconteceu nesta sexta-feira, 20 de novembro de 2020, Dia da Consciência Negra.

Feita em inox, ferro e com base de concreto, possui 3,60 metros de altura e foi desenvolvida por Lumumba Afroindígena, em parceria com a arquiteta Francine Moreira.

A obra custou R$171 mil à Secretaria Municipal de Cultura que promoveu, após a inauguração, projeções na Igreja do Carmo e um bate papo com os criadores, mais o jornalista Abílio Ferreira.


  Nos detalhes finais, antes da inauguração, os autores foram fotografados ainda atrás dos tapumes





  Ilustração imaginária apresenta o arquiteto Tebas em seu trabalho habitual na São Paulo antiga

 

2 comentários:

  1. Amei a historia!!!Vou conhecer a vida de Tebas atraves da indicação do livro e a escultura inaugurada hoje,Dia da Conciencia Negra!!!!




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  2. Muito interessante, não conhecia essa história, obrigado por dividir este fato conosco.

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