A notícia da homenagem prestada a Tebas, o arquiteto negro que viveu entre os séculos 18 e 19 e levou as águas do Anhangabaú até um bebedouro público da Rua Direita, despertou alegria nos estudiosos de nossa história, em especial, dos que preservam e cultivam a memória paulistana.
Não foram poucas as vezes em que nos referimos a
Tebas, cujo nome de batismo era Joaquim Pinto de Oliveira, no programa São
Paulo de Todos os Tempos pela Rádio Eldorado.
Foi ele também o responsável pela conclusão da reforma
da velha Igreja da Sé, demolida para dar lugar à atual Catedral Metropolitana.
Autodidata, talhava pedras para serem usadas nas construções e desse trabalho prestado ao seu proprietário que era mestre de obras, vieram depois as criações consideradas geniais para aquela época.
Coube ao arquiteto negro, a responsabilidade de ornamentar a antiga igreja do Mosteiro de São Bento, depois demolida em 1911, para dar lugar à edificação agora existente.
Outra construção importante com sua participação foi da igreja da Ordem Terceira do Carmo, localizada bem no início da Avenida Rangel Pestana, conforme ilustração abaixo.
Em nossos programas na Rádio Eldorado entrevistamos, certa vez, o senhor Abelias Rodrigues da Silva, que trabalhou na cidade como motorneiro, ou seja, conduzia bondes.
Ao se aposentar, dedicou-se aos assuntos que diziam respeito a Tebas,
personagem ao qual desejava dedicar um livro.
O antigo motorneiro morreu sem realizar este sonho, mas
o arquiteto escravo do século 19 foi reconhecido, embora tardiamente.
Tebas morreu em 1811, e só bem depois no século 21, é que o Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo – Sasp, o reconheceu como profissional do setor, no ano de 2018.
E o sonho do senhor Abelias se concretizou por completo, graças ao livro
“Tebas: Um Negro Arquiteto na São Paulo Escravocrata”, lançado em 2019 pelo
jornalista Abílio Ferreira.
No texto é explicado que o proprietário de Tebas, era Bento de Oliveira
Lima, mestre de obras contratado para reformar a então igreja da Sé, morto antes da conclusão, tendo Tebas comandado os trabalhos até o final.
Endividada, a família do proprietário vendeu Tebas
para a Igreja, tendo ele obtido sua alforria aos 58 anos. Depois, seguiu
trabalhando como arquiteto até o fim da vida.
A escultura dedicada a Joaquim Pinto de Oliveira, o Tebas, foi instalada entre a Sé e a antiga Praça Clóvis. Sua inauguração aconteceu nesta sexta-feira, 20 de novembro de 2020, Dia da Consciência Negra.
Feita em inox, ferro e com base de concreto, possui
3,60 metros de altura e foi desenvolvida por Lumumba
Afroindígena, em parceria com a arquiteta Francine Moreira.
A obra custou R$171 mil à Secretaria Municipal de
Cultura que promoveu, após a inauguração, projeções na Igreja do Carmo e um
bate papo com os criadores, mais o jornalista Abílio Ferreira.
Amei a historia!!!Vou conhecer a vida de Tebas atraves da indicação do livro e a escultura inaugurada hoje,Dia da Conciencia Negra!!!!
ResponderExcluirMuito interessante, não conhecia essa história, obrigado por dividir este fato conosco.
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