Ninguém se mexeu para impedir. A casa localizada em um dos endereços mais significativos para a história da arte moderna, surgida na São Paulo do século 20, veio abaixo.
A confirmação chegou através do colega Douglas Nascimento, jornalista e memorialista, dono do site São Paulo Antiga.
Quem passava em frente não se dava conta da beleza interna
da casa onde o artista plástico Fulvio Pennacchi (1905–1992) viveu por 44 anos com sua esposa
Filomena Matarazzo (1918-2018) e os oito filhos do casal.
Situada na Rua Espanha, 312 no Jardim Europa, a residência tinha nas janelas afrescos que juntamente a uma parte das obras de arte, foram removidos para outros museus, mas as pinturas moldadas internamente se perderam.
Ficaram as fotos para provar que o lugar de fato existiu.
Fulvio Pennacchi nasceu na Itália, viveu em São Paulo
e fez parte do Grupo Santa Helena, conhecido por se reunir no edifício que
levava este nome, localizado na Praça da Sé.
Do grupo fizeram parte pintores como Alfredo Volpi,
Francisco Rebolo, Aldo Bonadei, Alfredo Rizzotti, Mario Zanini, Humberto Rosa,
Clovis Graciano, entre outros.
A casa de Fulvio Pennacchi serviu de lar e local de
trabalho ao artista plástico a partir de 1948 e assim seguiu até o dia de sua morte em
5 de outubro de 1992.
Sua pintura sensível e pessoal passou a decorar algumas das paredes da casa, dando ao lugar um modo todo especial até mesmo na cozinha.
Tudo isso se perdeu porque nada foi feito em defesa. Não houve ações do Ministério Público ou dos órgãos de preservação, todos ficaram quietos.
Depois do falecimento de Fulvio, sua esposa Filomena
continuou vivendo na casa até 2018, quando partiu aos 100 anos e meio de idade.
Desde então os filhos arcaram com a manutenção do
imóvel de custo elevado pela localização em um bairro nobre.
A residência seguiu aberta ao público por meio de
visitas monitoradas e se buscou o apoio de políticos das áreas federal,
estadual e municipal.
Instituições culturais e empresariais também foram
procuradas com o objetivo de preservação, mas ninguém deu apoio.
O descaso com o patrimônio histórico e cultural entre
o empresariado paulistano é de assustar.
No passado não era assim, basta lembrar figuras como
Paulo Prado, Freitas Valle e Ciccillo Matarazzo, entre outros.
Órgãos públicos como o Conpresp, em nível municipal e
o Condephaat, sob a gestão do governo estadual, não moveram uma palha no
sentido de preservar o imóvel.
Até mesmo professores da Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo FAU/USP ficaram calados, não houve nenhuma palavra em proteção, infelizmente. Só não se explica o porquê.
Nem o vereador Nabil Bonduki que é professor e doutor
em estruturas urbanas, sempre atento a essas questões, se pronunciou em defesa do legado de Fulvio Pennacchi.
O que está por trás de tudo isso? Nenhuma porta se
abriu e quem perde mais uma vez, é a história, a cultura e a memória do povo paulista de tantas tradições.
Como diz Caetano Veloso em Sampa, “a força da grana
que ergue e destrói coisas belas”.
Fontes: Casa Museu Fulvio Pennacchi/Wikipedia/São Paulo
Antiga – Douglas Nascimento
Fotos de como era a casa de Fulvio Pennacchi entre 2016 e
2022 tiradas por Andrea Matarazzo
Lamentável, uma cidade destruída pela ganância...
ResponderExcluirAchei linda a casa principalmente a cozinha, pessoal vamos acordar pelo nosso patrimônio
ResponderExcluirPeço que deixem suas assinaturas nos comentários, ainda que seja apenas o primeiro nome. Obrigado.
ResponderExcluirLamentável. Mônica Marofa
ResponderExcluirLamentável. São Paulo perdendo a sua História.
ResponderExcluirConheci na casa do Volpi Morava no Cambuci.
ResponderExcluirJohnny Savalla.
Mais um patrimônio da cidade que se perde. O que têm a dizer os órgãos de proteção da história e do patrimônio cultural? De Moacir Assunção - via WhatsApp
ResponderExcluirGostei, reportagem muito bem feita, de alto nível !!! Muito obrigado. [16:30, 16/10/2025] Mensagem do Paulo Pennacchi. Via WhatsApp.
ResponderExcluir