segunda-feira, 17 de março de 2025

Salomão Ésper é exemplo de ética e respeito profissional a todos os comunicadores

Salomão Ésper viveu 95 anos bem vividos graças ao respeito e ética profissional junto aos colegas e por todos ao seu redor. 

O conheci como ouvinte ainda nos meus tempos de menino e desde quando era estudante na faculdade passei a tê-lo como uma referência ao bom jornalismo naqueles anos de chumbo. 

Passou o tempo e nos tornamos colegas de trabalho na Rádio Bandeirantes, ele sempre solícito em esclarecer as dúvidas de todo novato.



Moderado nos comentários e tido por muitos como conservador, Salomão para mim era o contraponto das reflexões políticas, por isso sempre fiz questão de ouvi-lo. 

No dia a dia, ensinava coisas importantes para o aprimoramento não só do nosso trabalho, mas de todos os jovens repórteres que ingressavam na emissora.

Preocupado com a saúde, não só dele mas de todos, guardava em uma gaveta de sua sala todos os tipos de comprimidos. Azia ou dor de cabeça? Procure o Salomão, sempre sorridente a nos atender. 

Durante os bate papos recitava de improviso poemas de Olavo Bilac, Carlos Drumond e outros tantos poetas. 

Fazia isso também diante dos microfones de acordo com os assuntos que estivessem sendo tratados.

Respeitoso com os ouvintes lia com atenção as mensagens enviadas ao programa na "Hora do Café", do Jornal Gente da Bandeirantes. 


Antes da emissora do Morumbi,  passou pelas rádios América, Cruzeiro do Sul, Piratininga e comandou programas nas TVs Cultura e Bandeirantes.
 
Na foto acima o vemos jovem na Rádio Cruzeiro do Sul ao lado da apresentadora Elizabeth Darcy, mãe do narrador esportivo Sílvio Luiz.

Nascido em Santa Rita do Passa Quatro - SP, mudou-se para a capital paulista com a finalidade de aprimorar seus estudos e formou-se advogado. 

Ainda quando estudante, em um concurso da Rádio Cruzeiro do Sul para a contratação de dois locutores, foi aprovado e contratado junto com Cid Moreira.

Na Rádio América conheceu o então jovem repórter esportivo José Paulo de Andrade, depois com ele já na Rádio Bandeirantes, deu continuidade ao horário das oito da manhã para comentários noticiosos.

Vicente Leporace tradicional apresentador de "O Trabuco", faleceu em 1978 e para substituí-lo houve uma preocupação enorme.

Após seguidas reuniões ficou decidido que três comentaristas seriam necessários para substiuir Leporace. 

Salomão Ésper, que ficava em seu lugar nas férias foi designado e com ele José Paulo de Andrade e Joelmir Beting.

O resultado foi perfeito, a audiência não diminuiu e o Jornal Gente segue no ar até hoje e mesmo com novos apresentadores a audiência do horário ficou garantida.



Quem conheceu Salomão Ésper com certeza teve o privilégio de ver diante de si um ser humano notável, amigo e sincero com todos.

O melhor, é que estava sempre de bom humor, tanto que em um dos almoços promovidos pela Academia Paulista de Jornalismo - APJ, Salomão Ésper soltou essa:

"Acontecem coisas boas em todas as fases da vida, estou adorando a velhice, pena que dura pouco". 

Salomão foi para o céu e para nós aqui na Terra, fica o exemplo e a saudade.

De agora em diante os almoços da APJ nunca mais serão os mesmos


Um comentário:

  1. Era um prazer ouvir o Salomão ao lado do Zé Paulo no Jornal Gente. Hoje, com Cláudio Humberto, nem passo perto.

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