Tem gente que não gosta quando escrevo sobre modernidade, acham que o moderno é fruto da ganância como se no passado não houvesse coisas assim.
São Paulo é uma cidade de negócios e oportunidades,
desta característica é que o paulistano vive e adquire experiências, algumas boas e outras nem tanto, mas de todas elas surgem recordações.
A ideia de se construir a Avenida Brigadeiro Faria
Lima, nasceu durante a metade dos anos 1960 e partiu do então prefeito que hoje
dá nome a este endereço.
José Vicente de Faria Lima era filho de imigrantes
portugueses e nasceu no Rio de Janeiro onde serviu às Força Armadas e se tornou
“Brigadeiro do Ar”, em 1958.
Eleito prefeito de São Paulo pelo voto direto, em 1966, Faria Lima fez uma gestão considerada exemplar, segundo analistas.
Em sua passagem pela prefeitura aconteceram coisas
pitorescas e pouco lembradas nos dias atuais.
Todas as vezes que ia à Brasília, como era brigadeiro, requisitava da FAB um avião que ele mesmo pilotava.
Antes de ir, convidava os jornalistas que compunham o Comitê de Imprensa da Prefeitura para seguirem com ele e cobrir as reuniões.
Essa história quem me contou foi o saudoso repórter Aluane Neto, da Jovem Pan, que viajou com Faria Lima algumas vezes.
O brigadeiro quis construir a avenida pela necessidade
de se ocupar com caminhos parte das áreas de várzea surgidas após a retificação
Rio Pinheiros, conforme explicamos em nossa postagem anterior.
A retificação deste rio outrora sinuoso, transformado em um canal para o bombeamento das águas do Tietê para a Represa Billings, fez de suas antigas margens um imenso lamaçal repleto de lagoas que aos poucos foram sendo aterradas.
A partir do alargamento da Rua Iguatemi se construiu a
nova avenida cujo nome seria Radial Oeste para a ligação entre os bairros de
Pinheiros e Brooklin.
Por conta do falecimento do ex-prefeito, em 1969, seu
sucessor Paulo Maluf fez homenagem e deu o nome dele para a avenida.
Depois, em seu segundo mandato como prefeito, na década de 1990, Maluf ampliou
a Faria Lima do Largo da Batata até a Avenida Hélio Pellegrino, possibilitando a ela o
rosto dos dias atuais.
No ano de 2001, com a aprovação do Estatuto das Cidades,
a prefeitura paulistana instituiu o projeto Operações Urbanas para promover em regiões da cidade intervenções previstas no Plano Diretor.
Para a “Nova Faria Lima”, a prefeitura fez uso de um
instrumento jurídico chamado “outorga onerosa” que oferece incentivos à
verticalização através de contrapartidas financeiras.
O mercado imobiliário passou a comprar Certificados de
Potencial Adicional de Construção – Cepacs e com o dinheiro, a prefeitura ampliou
a infraestrutura urbana de toda a área e deu ao lugar ares de primeiro mundo.
Atualmente, a “Nova Faria Lima” é a que possui o metro
quadrado mais caro da cidade e, segundo as imobiliárias, seus edifícios estão entre
os mais luxuosos.
Para as novas torres de concreto armado sem mudaram empresas que passaram a ocupar prédios inteiros ou vários andares e sem comércio no térreo como acontece na Paulista e no Centro. Isto, ajuda também explicar a depreciação de áreas da cidade de São Paulo, outrora prósperas.
Quando uma empresa forte muda de lugar, as concorrentes fazem o mesmo para não perder o status.
Na próxima postagem trarei informações sobre a qualidade dessas novas edificações que atraíram para si as empresas e grupos financeiros que ocupam hoje a região mais rica da metrópole.
Fontes e Fotos:
Esquema Economia e Mercado - As origens da
Faria Lima: As
origens da Faria Lima - Blog | Esquema Imóveis (esquemaimoveis.com.br)
Gestão Urbana – Cidade de São Paulo: Gestão
Urbana SP (prefeitura.sp.gov.br)
Outorga Onerosa – Urbanismo e
Licenciamento: Outorga
Onerosa - Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento - Prefeitura
(capital.sp.gov.br)
Acesse nossa postagem anterior: Blog
do Geraldo Nunes: Migração dos arranha-céus para a zona sul começou pelo Rio
Pinheiros
Ótima leitura
ResponderExcluirFato
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