Cada vez é maior o número de pessoas que deixa de
acompanhar os noticiários e uma das causas está na forma como as notícias são
apresentadas: “Parece que só existem desgraças?”
“Repórteres só falam em guerras, corrupção, crimes
violentos, será que nada presta?”
Essas são algumas questões levantadas por telespectadores e ouvintes.
Notícias ruins chamam mais a atenção que as boas, essa postura não é culpa só da mídia, prova está na grande audiência dos programas policiais dos finais de tarde.
Essa constatação nos levou a escolher a foto acima.
Mas é possível modificar a forma de se apresentar as
notícias e isso deve ser feito rapidamente, até pela própria sobrevivência do jornalismo.
Uma proposta surgida nos Estados Unidos começa a ganhar
adeptos no Brasil, é o Jornalismo de Soluções – “Solutions Journalism Network”
Por este novo processo a reportagem segue na busca de uma solução
para o problema que foi mostrado ao público.
Quando fui repórter das estradas em uma emissora de São Paulo, muitos anos atrás, noticiava os acidentes com mortes nas rodovias, aquilo me entristecia e aos ouvintes também.
Mais adiante na Rádio Eldorado, passei a noticiar o trânsito
pelo helicóptero, apontava do alto caminhos alternativos.
Era o esboço para a atual proposta do Jornalismo de Soluções, mas fazíamos tudo por intuição, não havia nada conceitual ainda.
Para o Jornalismo de Soluções funcionar, é preciso que
toda a redação esteja engajada na cobertura de uma situação para mostrar saídas a
partir daquele acontecimento.
O repórter ao receber a pauta deve ser orientado para,
após relatar o assunto, buscar formas ou alguém que aponte soluções.
Nem sempre se consegue isso de imediato, por tal motivo, caberá à redação manter o tema em destaque e pesquisar saídas.
Nos meus tempos de repórter das estradas, a
justificativa para o tombamento constante de carretas na descida da Serra de
Santos pela Via Anchieta, era a falha dos freios e a notícia ficava por isso
mesmo.
Estudos mostraram que a implantação de áreas de escape
cobertas por cascalho ajudaria na diminuição dos acidentes.
Além de frearem os veículos pesados, as áreas de escape cobertas por cascalho ajudariam a
evitar mortes e perdas de carga. Deu certo.
A Via Anchieta, possui hoje duas áreas de escape na
pista de descida, constituídas de argila no formato de bolinhas que conseguem
segurar melhor ainda os caminhões e carretas.
Para o repórter que trabalhar pelo método jornalístico
de buscar soluções, ao cobrir algum acidente do tipo em outra rodovia, deverá lembrar
ao público que na Via Anchieta os tombamentos diminuíram com a construção de
áreas de escape forradas de argila.
A internet é hoje uma grande fonte de ajuda para quem
busca soluções, basta pesquisar com critérios para a escolha dos resultados
certos.
Tendo por base pesquisas, o jornalismo de soluções
pode até mesmo mudar o tom do discurso político dos governantes, tornando-o menos evasivo e mais
construtivo.
Claro que ainda há um longo caminho a ser percorrido, cabe aos que comandam a mídia, aceitarem a ideia.
Fontes:
Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo - Abraji: Abraji | Entenda o que é e como fazer jornalismo de soluções
IJnet – Rede de Jornalistas
Internacionais: Jornalismo
de soluções: o que é e por que você deveria se importar? | Rede de Jornalistas
Internacionais (ijnet.org)
A primeira vez que vi uma rota de escape assim em estrada foi na descida da serra que sai de Curitiba em direção a Santa Catarina, no começo do ano. Achei bem interessante. Quanto à proposta de mudar o viés das mídias, isso é complicado. Tem muitos interesses comerciais, tem comportamento de manada (nenhuma mídia grande arrisca uma abordagem, um comentário diferente, são todas bem iguais). E principalmente, adoram colocar lenha na fogueira. Vende mais. Abraço!
ResponderExcluirCaro Britto, as mídias terão que modificar seus princípios, os prejuízos econômicos estão sendo enormes.
ExcluirMuito bom
ResponderExcluirO Jornalismo de Soluções oferece uma alternativa valiosa para a mídia, focando não apenas em relatar problemas, mas também em encontrar e divulgar soluções práticas. Essa abordagem pode restaurar a credibilidade da imprensa, engajar positivamente o público e incentivar mudanças sociais construtivas. Adotar essa prática beneficia tanto os profissionais de mídia quanto a sociedade, promovendo um jornalismo mais responsável e impactante.
ResponderExcluirGosto muito do seu trabalho jornalístico! Procurar soluções é muito importante! Deixar um pouco o jornalismo de impacto que nos cansa ! Você está certo ! Grata! Marilene Ferraz via WhatsApp.
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