sábado, 13 de abril de 2024

Musk x TSE: Vem bronca por aí! Democracia é coisa do passado?

Escreveu um leitor no espaço de comentários deste blog, na postagem anterior: “O papel da imprensa é crucial para o aprimoramento da democracia”.

Jornalistas honestos, livres, éticos e responsáveis, desempenham o papel fundamental de garantir à população, informações precisas, capazes de promover entre os diversos segmentos da sociedade, debates públicos sobre diversos assuntos.

Tenho percebido, entretanto, que a palavra democracia soa mal a certas pessoas que a entendem como sinônimo de libertinagem e corrupção.

Ser democrata para essa gente, é querer cultivar algo em desuso, conversa de quem é chato e quer arrumar confusão. Sinal de alerta, isto é perigoso! 

Acho engraçado: No Brasil, quem posa de liberal é conservador, enquanto no restante do mundo ocorre justamente o inverso.



Ainda sobre nossa postagem anterior, houve comentários também no Facebook, lá palavras agressivas contra o jornalismo e aos jornalistas proliferam.

Essa postura que considero ser de apenas, uma parte da população, ajuda a explicar por que a Câmara dos Deputados se recusa a discutir o projeto aprovado pelo Senado que estabelece regras para disciplinar a publicação de conteúdos na internet.



A questão é antiga, em abril de 2022, a Câmara dos Deputados, rejeitou um pedido para a discussão dessa mesma proposta.

Na ocasião o presidente da Câmara, Arthur Lira, reclamou do excesso de “politização” em torno do assunto por parte dos parlamentares.

No entender das big techs, não existe da parte delas nenhum compromisso com o que é postado pelos usuários e, se for o caso, cada um que responda individualmente pelos assuntos que apresentar.

Foi essa a resposta delas ao Tribunal Superior Eleitoral – TSE quando vetou a participação de alguns “influenciadores digitais” nas comunidades virtuais, entre elas o X, sob a acusação de veicular notícias falsas. Tal decisão levantou polêmicas e despertou Elon Musk para protestar em sentido contrário à corte. 

Para a imprensa o tratamento é outro: O jornalista profissional que veicula uma notícia falsa sofre interpelação judicial e a empresa que o contratou terá também que se explicar.

Aos “influenciadores digitais”, quase nada acontece, porque não há vínculo empregatício deles com as big techs.

Nascidas em pequenos escritórios no formato de “startups”, em pouco tempo elas se tornaram firmas gigantes da área digital, com faturamento que chega à casa do trilhão em valores superiores ao PIB de vários países.



Através dos algoritmos, as big techs, que gerenciam o Facebook, Instagram, Tik Tok, Telegram e o X, entre outras, impulsionam os acessos dos nossos aparelhos celulares para assuntos com os quais nos identificamos.

Por isso hoje quase não importa qual seja a manchete de um grande jornal ou as notícias dos canais da mídia eletrônica tradicional. Irá prevalecer para nós a informação que chega através dos algoritmos.

Tem gente que gosta de fake news porque elas dizem aquilo que essas pessoas pensam, independente da notícia ser verdadeira ou não. 

Por esta razão, as big techs crescem e a desinformação em muitos casos, aumenta. Como regulamentar, então? 

O assunto não se limita ao Brasil, as discussões também ocorrem em outros países.

Somente através de leis será possível resolver esses problemas de abusos praticados nas redes sociais. 

Mas é subjetivo, por isso os acusados de disseminar notícias falsas, alegam estar sendo atacados em sua "liberdade de expressão", dizem que estão sendo censurados e que o país se transformou em uma ditadura. 

Pura conversa fiada. Fazem isso para atender ao interesse próprio ou de seus financiadores.


Elon Musk, é dono de uma fortuna em torno dos US$ 200 bilhões, graças ao sucesso de seu trabalho em suas empresas, não há dúvida.

Ele atua nos setores automotivo e aeroespacial, entre outros, pagou caro para adquirir o Twitter, cerca de US$ 44 bilhões, e o transformou no X.

No princípio ninguém entendeu os motivos desse investimento tão alto, mas agora dá para ver que seu objetivo é interferir na política mundial e decidiu começar pelo Brasil para enfrentar o ministro Alexandre de Moraes, odiado pela extrema direita. 



Os pontos de vista de Elon Musk se assemelham aos seus parceiros do Vale do Silício que apoiam as ideias de Donald Trump.

Para testar sua força, passou a ameaçar o desbloqueio dos perfis suspensos no X para contrariar as decisões do Tribunal Superior Eleitoral - TSE. 

Musk faz isso para agradar os desafetos do ministro que moram no Brasil e pensam como ele. 

O dono da Tesla e da Spacex não corre riscos, porque não mora no Brasil e quem responderá judicialmente são  os seus representantes do X em nosso país, alicerçados por bons advogados.



Na Câmara dos Deputados foi criado, dias atrás, um grupo de trabalho para elaborar o novo projeto de lei que pretende regulamentar o funcionamento das big techs no país.

Os oposicionistas do atual governo chamam a proposta de "projeto da censura".

Alguma resolução terá que ser apresentada, mas aqui neste país há sempre os que preferem deixar tudo como está para ver como é que fica.

Para saber o que irá acontecer só existe um caminho, acompanhar o noticiário da mídia tradicional e, como escreveu outro leitor nosso:

“Que a imprensa continue a informar e a esclarecer. Não é possível - nem é desejável - agradar os que não querem isso.”

Só mais uma coisa: Ainda tenho esperanças que a democracia no Brasil prevaleça e saia vencedora, mesmo diante de tanta desinformação.


Confira: Blog do Geraldo Nunes: Está cada vez mais difícil a relação do público com o jornalismo: Saiba as razões

 

Fotos: Marcelo Camargo – Ag. Brasil/Luiz Romero – Secom TSE/Dimitrius Kamburis/Getty Imagens/O Brasiliense/Brasil de Fato/Google Imagens

 

Sites e assuntos pesquisados:

Presidente do TSE cobra regulamentação de redes sociais e do uso da IA — Tribunal Superior Eleitoral

Câmara terá grupo de deputados para elaborar novo PL das redes sociais (correiobraziliense.com.br)

Elon Musk x Alexandre Moraes: as causas da 'briga' - O Brasilianista

Câmara rejeita urgência para projeto das fake news (poder360.com.br)


3 comentários:

  1. Abordar o problema das notícias falsas requer uma abordagem multifacetada que combina legislação sensata, educação pública, responsabilidade das plataformas e apoio ao jornalismo de qualidade.Leis que visam combater as notícias falsas devem ser cuidadosamente redigidas para garantir que não infrinjam a liberdade de expressão legítima. É um equilíbrio delicado entre reprimir informações enganosas e proteger a liberdade de imprensa e expressão.

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  2. Como bem escreveu Alice Ferraz em sua crônica, Elon Musk não idealizou e tampouco lançou o então Twitter, hoje X. Com seu poder arrogante, comprou o essa rede social, e agora se julga no direito de testar os limites da democracia no mundo, e com maior chance de sucesso em um país inculto como o Brasil. Faz o jogo da extrema direita que pouco se importa com bilhões de pobres e miseráveis no mundo. Cenário triste.

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  3. Defesa do X no Brasil informou ao STF, nesta segunda-feira (16/04/24) que irá manter o cumprimento das ordens judiciais vindas do STF e TSE.
    Manifestação ocorre dias após Elon Musk, dono da rede social, ter atacado o ministro Alexandre de Moraes e dito que não cumpriria ordens de bloqueio de contas emitidas pelo magistrado. A X Corp, dos Estados Unidos, foi intimada pelo Comitê Judiciário da Câmara dos Deputados de lá, a fornecer informações sobre as ordens do Supremo brasileiro em relação à moderação de conteúdo, e comprometeu-se a manter Moraes informado de quaisquer informações que recebesse sobre o tema "em cumprimento ao seu dever de transparência e lealdade processual".

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