Diferente de Caetano Veloso, alguma coisa acontece no meu coração, só quando cruzo a Rui Barbosa com a Conselheiro Carrão.
Na esquina dessas duas ruas do Bixiga, funcionava o Teatro Aquarius onde vi pela primeira vez Rita Lee.
O show se chamava Fruto Proibido, mesmo nome do álbum
lançado pela cantora na gravadora Som Livre, com direito a comerciais na Rede Globo de Televisão, algo importantíssimo, em 1975.
Esse disco se constitui em um capítulo à parte dentro da história do rock nacional.
No show, acompanhada pela excelente banda Tutti-Frutti, Rita Lee vestida de branco, era como se fosse uma deusa diante de um público embasbacado.
Sua presença no palco impressionava, ninguém conseguia tirar os olhos dela.
Voltei para casa e naquela noite nem dormi direito, fiquei apaixonado pela cantora, à espera de que em
algum momento pudesse vê-la novamente. Na escola procurava no rosto das meninas, alguma que se parecesse com a Rita Lee.
Ainda menor de idade, fiquei sabendo que a minha musa se apresentaria
em uma associação de São Bernardo do Campo e para lá segui de busão, acompanhado de um amigo, hoje jornalista, José
Antonio Leite, até o ABC.
Durante a apresentação, deram a ela uma garrafa
de água mineral que após o término do show ficou esquecida sobre o
palco.
Não tive dúvida, segurei comigo a garrafa de
vidro vazia, e aproximei minha boca sobre o gargalho para sentir o gosto e o
perfume do batom que Rita Lee usou naquela noite.
Por ser adolescente, contei depois para os amigos que cheguei a
beijá-la por tabela, graças à garrafa autografada pela cantora.
A assinatura deixada para mim, por Rita Lee, foi semelhante a essa que aparece no outdoor acima. Quando cheguei em casa, cobri o gargalo com papel alumínio e a garrafa permaneceu anos e anos sobre um armário onde guardava meus discos, depois desapareceu.
Quando recebi a notícia de sua partida, por volta do meio-dia deste 9 de maio de 2023, as lembranças de Rita Lee vieram à tona e me fizeram chorar em um canto, escondido.
Para que a tarde não ficasse tão triste, resolvi escrever
essas palavras de amor à minha primeira musa inspiradora.
Assim como Elvis, Rita Lee não morrerá jamais, guardarei para sempre em minhas lembranças o sabor e o perfume dos seus lábios.
“...como um mutante, no fundo sempre sozinho, em busca
do meu caminho, ai de mim que sou assim, romântico...”
Belo texto, Geraldo
ResponderExcluirQue declaração de amor Gerald!
ResponderExcluirFui uma "ovelha negra na família" , por causa de Rita Lee. Ainda sei , muito trechos de músicas de cor . Siga , em Paz .
ResponderExcluirEla não dava bons exemplos mas era boa gente.
ExcluirMaravilhoso!!
ResponderExcluirParabéns Geraldo pela história e pelo texto. Heitor Oliveira.
ResponderExcluirQue linda história!!! 👏👏👏😍
ResponderExcluirRita Lee.
ResponderExcluirNinguém pode imaginar que dois artistas de estilos tão diversos, podem ser fãs do trabalho um do outro. Rita e eu fomos assim, e declaradamente. E todas as vezes que cruzamos nossos caminhos, aí pelos recantos desse imenso país, nosso cumprimento era sempre um forte e fraternal abraço inesquecível. Rita Lee: Genial artista. Inteligência. Simplicidade. Luiz Ayrão via WhatsApp.
Comovente..
ResponderExcluirHistória bonita, mas se você era adolescente em 1975, então você era gato e não estou falando de beleza ..kkkkk
ResponderExcluirSimplesmente, sensacional!
ResponderExcluirFesta no céu e nos Jardins da Babilônia. Para os fãs, "assim como eu, uma pessoa comum", Rita Lee não morrerá jamais. Viva o Rock!
ResponderExcluir