Durante a Segunda Conferência Internacional pela Paz, em Haia, na Holanda - 1907, o representante brasileiro ao ser chamado para discursar, despertou curiosidade aos presentes por causa da baixa estatura.
Aquele homenzinho com pouco mais de 1 metro e meio precisou passar por duas grandes portas de um corredor que levava ao imenso salão.
Historiadores apontam que alguém na plateia teria
dito: “Para que portas grandes para um homem tão pequeno?”
Ao final do discurso ao passar de volta pelas portas,
a mesma pessoa comentou: “Essas portas são pequenas para um homem tão grande!”
Quem entrou pequeno e saiu grande foi Ruy Barbosa, cuja
participação em Haia mexeu com a política internacional da época como veremos adiante.
Este é só o começo da segunda parte de nossa homenagem a Ruy Barbosa, um dos mais ilustres brasileiros em todos os tempos, que faleceu há 100 anos.
Conforme explicamos na postagem anterior, quando
ministro da Fazenda, Ruy implantou um plano econômico chamado “Encilhamento” de
resultados catastróficos para o país que pela primeira vez precisou conviver
com os altos índices de inflação.
Ao deixar o cargo, retornou ao parlamento e em seguida
pediu licença para viajar à Europa.
Em Paris encontrou-se com D Pedro II a quem disse: “Majestade perdoe-me, eu não sabia que a República era assim!”
Mesmo na Europa, em 1897, lançou-se candidato à
sucessão de Prudente de Moraes, a Constituição daquele tempo permitia
esse tipo de candidatura.
Não foi eleito, ficou na quarta colocação
da eleição vencida por Campos Sales.
De volta ao Brasil, Ruy Barbosa se elegeu senador em
1900, cargo que ocupou durante 23 anos.
Foi o senador mais vezes reeleito na história do
Brasil, recorde alcançado muitos anos depois por José Sarney.
Mas eis que, em 1907, acontece a Segunda Conferência pela Paz, em Haia, cujo objetivo era criar uma liga de nações para julgar crimes de guerra.
Convocado pelo ministro das Relações Exteriores, o
Barão do Rio Branco, Ruy Barbosa foi representar o Brasil neste encontro.
Seu discurso surpreendeu positivamente porque trouxe novidades ao pensamento político e intelectual da época.
Ele defendeu a igualdade de soberania entre as nações.
Pode parecer estranho, mas esse tipo ideia de pregar a igualdade democrática foi algo considerado inovador.
Entendia-se que apenas os países com maior poder
armamentista eram capazes de exercer o poder de decisão.
Em seu discurso Ruy Barbosa deixou claro que se apenas
as potências bélicas pudessem decidir os destinos dos demais países, haveria
mais conflitos do que a paz que a conferência almejava.
Tamanha eloquência impressionou as delegações estrangeiras e o Brasil, pela primeira vez, se fez presente no palco das
decisões.
Elogiado por todos os representantes, Ruy Barbosa ganhou as páginas
dos noticiários internacionais que fizeram dele, o brasileiro mais conhecido do
mundo em sua época.
De volta ao Brasil, o Barão do Rio Branco, fez questão de elogiá-lo publicamente. Partiu dele o termo “Águia de Haia” para lembrar a astúcia do grande orador diante de uma plateia tão seleta.
Quando o marechal Hermes da Fonseca decidiu sair
candidato à Presidência da República, Ruy Barbosa ocupou a tribuna do Senado para dizer que “os militares não devem se sobrepor aos poderes políticos da nação, tarefa
essa que cabe aos civis”.
Este pronunciamento serviu de início para a sua campanha eleitoral à qual deu o nome de civilista para enfrentar os militaristas com vistas à chefia nação.
Foi ele o pioneiro a viajar pelo Brasil em campanha eleitoral, como mostra a charge, para fazer discursos e comícios.
Mesmo assim, Hermes da Fonseca sagrou-se vencedor,
pois naquele tempo o voto apesar de colocado na urna, tinha que ser assinado pelo eleitor.
Depois de aberto dava margem para os donos dos currais eleitorais, exercerem o chamado voto de cabresto.
Quem votasse contra os interesses dos coronéis e demais líderes das várias regiões do país, corria o risco de ser descoberto.
Ainda assim Ruy Barbosa insistiu, enfrentou Venceslau Brás na eleição de 1914 e depois Epitácio Pessoa, em 1919 e perdeu nessas duas ocasiões.
O mais desalentador é que Epitácio Pessoa, nem campanha fez por estar no exterior, mas ganhou pela força do cabresto.
Ao todo como candidato, Ruy Barbosa disputou quatro eleições presidenciais e perdeu as quatro, igual a Ciro Gomes um século depois.
Em julho de 1922, o “Águia de Haia”, foi internado para tratar um edema pulmonar e seus problemas de saúde foram se agravando pouco a pouco.
Meses depois da internação ele próprio, ciente da situação, disse ao médico: “Doutor,
não há mais nada a fazer”.
Ruy Barbosa morreu em 1º de março de 1923, antes de completar 74
anos. Foi sepultado no mausoléu da família, no cemitério São João Batista, do Rio de Janeiro.
Dos discursos de Ruy Barbosa ficaram muitas frases célebres:
- “Maior que a tristeza de não haver vencido
é a vergonha de não ter lutado...”
- “A palavra é um instrumento irresistível
na conquista da liberdade.”
- “A justiça pode irritar-se porque é
precária, mas a verdade não se impacienta, porque é eterna.”
A mais célebre de suas frases:
“De tanto ver triunfar as nulidades; de
tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver
agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da
virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”
Como é bom saber que Ruy Barbosa existiu e
foi brasileiro
Fontes:
Portais:
Senado Federal do Brasil, Casa Rui Barbosa, Rio de Janeiro Aqui
Paulo
Rezzutti - A História Não Contada - YouTube
👏👏👏👏
ResponderExcluirMuito bom! O grande Águia de Haia!
ResponderExcluirMuito bom saber um pouco mais desse grande diplomata brasileiro! Obrigado!🙏🏻🙌🏻👏🏻
ResponderExcluirBom artigo Geraldo
ResponderExcluirFiquei emocionada em saber o quão sábio era e foi Rui Barbosa, precisamos mais de homens assim 👏👏👏
ResponderExcluirExcelente texto. Parabéns
ResponderExcluirÓtima matéria. Não conhecia muitos detalhes. Heitor Oliveira
ResponderExcluirÓtimo , importante divulgar a história de brasileiros célebres..
ResponderExcluirMaravilha poder conhecer e difundir história de verdadeiros políticos em uma época em que vivemos tão descrentes de nosso país. Obrigada pelo texto
ResponderExcluirO nosso querido país hoje vive de histórias. Não temos mais homens de fibra no comando da nação ,somente ladrões.
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