Ministro do Reino Unido de Portugal – Brasil e Algarves e dos Negócios Estrangeiros, entre janeiro de 1822 e julho de 1823, José Bonifácio de Andrada e Silva, foi o grande articulador político da independência do Brasil.
Nascido em uma família abastada de Santos, no dia 13
de junho de 1763, quando completou 20 anos de idade, viajou para estudar na
Universidade de Coimbra, os cursos de Direito, Filosofia e Ciências Naturais.
Aplicado nos estudos, buscou na ciência, explicações para tudo e precisou deixar Portugal, em 1790, por causa da Inquisição, que passou a investigá-lo por ter proferido em seus discursos que era ateu.
Seguiu para a França em um momento que o país, passava pelo processo pós-revolução que afastou a monarquia e muitas cabeças começaram literalmente a rolar por causa de guilhotina.
Possivelmente, José Bonifácio assistiu cenas daquele banho
de sangue que ocorreu nas praças públicas de Paris e, até por isso, acreditamos, manteve-se
monarquista.
Mudou-se depois para a Suécia, onde estudou mineralogia tendo descoberto e dado nome a quatro espécies de minerais, uma delas a andradita, batizada em sua homenagem. Depois, na Alemanha, se especializou em metalurgia.
Todo esse conhecimento o fez voltar à Universidade de
Coimbra onde passou a dar aulas, tendo inclusive, ocupado cargos públicos em Portugal.
Ao retornar ao Brasil, em 1819, depois de 36 anos na
Europa, recebeu de Dom João VI, o título de conselheiro.
Com o retorno do rei a Portugal, em 1821, ocupou o cargo de ministro do então príncipe regente, Pedro de Alcântara, 30 anos
mais moço.
José Bonifácio conseguiu convencê-lo a permanecer no Brasil para impedir que as juntas governativas, formadas durante o reino unido a Portugal, proclamassem a independência antes que ele.
Depois, já coroado imperador, Dom Pedro I instituiu os
trabalhos para a elaboração de uma Assembleia Nacional Constituinte.
Nela o Patriarca tomou parte e, apesar de conservador, começou defender ideias avançadas para o seu tempo, como a abolição gradual da
escravatura.
Antes, defendera em carta ao rei de Portugal, a construção de uma cidade no planalto central, para melhor ocupar as terras brasileiras.
Tais propostas, consideradas liberais demais, desagradaram o Imperador que de surpresa destituiu a assembleia, prendeu todos os constituintes e os mandou para o exílio, inclusive José Bonifácio.
A primeira constituição brasileira, promulgada em 1824, surgiu de modo autoritário, redigida pelo próprio Dom Pedro I, causando a ele sério desgaste político. Ali começou sua derrocada.
Em 1829, permitiu a volta ao Brasil dos exilados. José Bonifácio chegou ao
Rio de Janeiro, em 23 de julho, trazendo consigo o cadáver da esposa, Narcisa Emília,
morta no navio durante a viagem.
Com a abdicação de D. Pedro I, em 7 de abril de 1831,
José Bonifácio foi nomeado por ele, tutor de seu filho de cinco anos, o futuro
D. Pedro II.
Apesar de não ter sido bom marido, o imperador era um
pai dedicado e enternecido de todos os filhos, legítimos ou não.
Deste modo, assinou um decreto em que nomeava “tutor
dos meus amados e prezados filhos ao muito probo, honrado e patriótico cidadão
José Bonifácio de Andrada e Silva, meu verdadeiro amigo”.
Bonifácio tinha 68 anos quando aceitou conduzir seus pupilos, mas seu temperamento e seu feitio não fizeram dele o tutor ideal.
O patriarca não caiu nas graças de Mariana Carlota, a
Dadama, aia e mãe de criação, do príncipe herdeiro e suas irmãs
Januária, Paula Mariana e Francisca, tendo permanecido pouco tempo no cargo.
Ao deixar a vida política, passou a morar em sua casa
de veraneio na ilha de Paquetá, dentro da Baía de Guanabara.
Morreu ali perto, em Niterói, aos 75 anos, no dia 6 de
abril 1838.
Fontes:
BUENO, Eduardo. Brasil, uma história. São Paulo.
Editora Ática, 2007
CARVALHO, José Murilo de. Dom Pedro II - Ser ou não
ser. São Paulo. Companhia das Letras. 2a edição. 2007
CAVALCANTE, Berenice. José Bonifácio: razão e
sensibilidade, uma história em três tempos. Rio de Janeiro: FGV, 2001.
DOLNIKOFF, Miriam (org.). Projetos para o Brasil, José
Bonifácio de Andrada e Silva. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.
Que vida agitada, rica de conhecimentos e experiências. Precisávamos de uma cabeça assim, esclarecida, assessorando os políticos hoje aqui. Obrigado pelas informações interessantes. Deu vontade de procurar uma biografia do patrono. Será que existe alguma?
ResponderExcluirObrigado Britto pelos comentários. Neste blog damos uma pincelada nos assuntos da história, mas para saber mais, é preciso ler. Abraço.
ExcluirBelo texto! D. Pedro I teve uma vida curta dividida entre paixões, muitos filhos e o poder. E ainda hoje fica a pergunta: Quem mandou matar Líbero Badaró ?
ResponderExcluir👍
ResponderExcluirFigura impressionante e valorosa da nossa história.
ResponderExcluirExcelente texto, Gera!
ResponderExcluirExcelente texto, Gera!
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