terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

As torres e os arranha-céus de São Paulo em fotos e histórias – Parte 1

 

O termo arranha-céu ainda é usado, mas a palavra torre para determinar construções vultosas virou moda.


A denominação arranha-céu foi utilizada pela primeira vez na mídia em 1924, para identificar o Edifício Sampaio Moreira, de 12 andares, na Rua Líbero Badaró 136. Nada na cidade de São Paulo era mais alto que ele.


A palavra torre hoje serve para identificar os edifícios comerciais ou residenciais com mais de 40 andares, construídos nas novas regiões nobres da cidade como o Itaim-Bibi, Vila Olímpia, Pinheiros e Brooklin.

Desde então os arranha-céus passaram a ser os já conhecidos e tradicionais edifícios do centro, cujas histórias são bem interessantes.

Não vai dar para falar do que há de novo e velho em única postagem, prometo na próxima semana concluir tudo. Vamos agora tratar do que há de antigo.

Um bom exemplo é o Edifício Mirante do Vale, de 51 andares e 170 metros de altura, inaugurado em 1966 e ainda o mais alto da cidade, mas esse reinado ao que parece está com os dias contados. 

Um empreendimento prestes a ser inaugurado no Tatuapé, promete superar em altura este antigo recordista do centro

No Brasil ele já perde para o Millennium Palace, do Balneário Camboriú, com 177, 3 metros, inaugurado em 10 de agosto de 2014.

A denominação original do ainda maior arranha-céu paulistano, Palácio Zarzur - Kogan, foi mudada para Edifício Mirante do Vale, em 1972.

Decorridos 30 anos dessa mudança, uma campanha interna entre os condôminos, em 1992, decidiu homenagear o empreendedor da obra e o prédio passou a chamar também Edifício W. Zarzur.


Tom Zé, compositor baiano radicado em São Paulo, considera o Edifício Itália, o rei da Avenida Ipiranga.

Majestoso e belo, o nome se deve ao fato da construção ter acontecido no antigo terreno do casarão pertencente ao Circolo Italiano San Paolo, clube formado por imigrantes da Itália estabelecidos na capital paulista.



No lugar do palacete foram erguidos 46 pavimentos em concreto e aço, 165 metros de altura e no topo, o famoso Terraço Itália, com vista panorâmica da cidade.


Na mesma Avenida Ipiranga está o Edifício Copan, projetado por Oscar Niemeyer no formato de uma onda. 

Dividido em 35 andares e 115 metros de altura, recebe os moradores de 1.160 apartamentos de dimensões variadas.

O Copan pode ser considerado uma cidade à parte, dentro da metrópole. Foi erguido no terreno de uma parte da antiga Vila Normanda, um conjunto de sobrados de estilo europeu.


Copan é tão grande, que possui CEP próprio: 01046-925 e o síndico desde 1993, Afonso Celso Prazeres de Oliveira, 80 anos, merece status de prefeito.




Já o Edifício Altino Arantes de 161 metros de altura e 32 andares, é considerado um marco representativo da cidade de São Paulo.

Inaugurado em 1947, seu formato faz lembrar o Empire State, de Nova York. Também chamado de edifício Banespa ou Banespão, ganhou de seu novo dono o nome Farol Santander, após receber uma iluminação noturna que muda de cor vez por outra.

O que mais agrada é o fato dele ostentar em seu ponto culminante, a bandeira paulista erguida por São Paulo na defesa da democracia durante a revolução de 1932.



O pai de todos, entretanto, é o Edifício Martinelli, entre as ruas São Bento, Libero Badaró e Avenida São João.

Palco de várias lendas urbanas e com a fama até de ser mal-assombrado, foi inaugurado em 1929, mas de forma incompleta.

Durante a construção começou faltar dinheiro para seu idealizador, o conde Giuseppe Martinelli, que não teve dúvidas.

Viajou para a Itália e foi pedir ajuda financeira ao ditador Benito Mussolini. O mais incrível é que Mussolini deu o dinheiro, mas exigiu que o prédio ficasse mais alto.

O Duce achou pouco se construir apenas 14 andares como previa o projeto original. Seu objetivo era impressionar os italianos residentes em São Paulo, onde também queria perpetuar sua imagem.

A construção ficou pronta em 1934 com 30 pavimentos divididos em quatro torres de 105 metros de altura.

Durante a ampliação surgiu o comentário que tudo viria abaixo porque havia o receio das estruturas não suportarem tanto peso. 

O conde para não afugentar os compradores de seu empreendimento, mandou construir a casa onde iria morar na cobertura do prédio para assim provar que não arriscaria a própria vida em uma obra insegura. Deu certo.



Outro prédio que oferece vista privilegiada a seus visitantes, é o Edifício Banco do Brasil, inaugurado em 1954.

Localizado entre a Rua Quitanda e a Álvares Penteado, bem no calçadão do velho centro, abriga hoje o Centro Cultural Banco do Brasil.

Esse prédio tem toda uma história ligada ao setor bancário porque ali funcionava a central de compensação de cheques de todas as agências dos demais bancos da capital paulista, uma atividade difícil e trabalhosa que empregava muita gente e se estendia madrugada adentro.

São 143 metros de altura,  24 andares e uma vista panorâmica de toda a Avenida São João e outras ruas do centro.



Contei tudo isso, porque na próxima postagem falarei das novas torres surgidas e as que estão sendo construídas nesta São Paulo que não pode parar.

Sendo assim, até lá. Antes, veja mais fotos.


                                                 Conheça o Edifício Copan quando de sua construção nesta foto de 1955

                                  Edifício Martinelli assistiu a visita do dirigível Hindenburg a São Paulo, em 1936

                                   Três magníficos representantes da arquitetura art déco em pleno centro da cidade


Um comentário:

  1. Nossa, que lindo resgate de "monumentos" marcantes da nossa cidade. Parabéns. É uma viagem no tempo.

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