quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Setembro é o mês do rádio que sobrevive a duras penas

 Todo ano quando chega o mês de setembro comemoramos o Dia do Rádio e todos fazem elogios ao mais antigo veículo de mídia eletrônica.

Graças ao seu companheirismo e capacidade de comunicar o Rádio resiste ao tempo renovado, vivo e forte há mais de um século no Brasil! Isto é verdade, mas...

“Meu único amigo pelas noites adolescentes e tudo o que eu precisava saber, eu escutava no meu rádio”, diz o grupo Queen, de Freddy Mercury, em uma de suas canções.

Foi assim também comigo, mas a realidade atual aponta dificuldades imensas para a sobrevivência do nosso amado rádio!

Em 16 de setembro de 2025, uma terça-feira, o Comitê de Civismo e Cidadania - COCCID, da Associação Comercial de São Paulo - ACSP, promoveu uma reunião-evento comemorativa ao “mês do rádio”, entre as 15 e 17 horas.

Lá estivemos como palestrante ao lado dois convidados especiais, Celso Vernizzi, especializado em meteorologia e Fernando Vítolo, escritor, radialista e catalisador de histórias.

Nós todos regidos sob a batuta do vice-presidente da ACSP e coordenador do COCCID, Samir Nakhle Khoury, com o apoio do diretor Adolfo Savelli, fizemos uso da palavra. 

No final do encontro houve sorteio de 20 exemplares do livro “Aventuras de um Repórter Aéreo”.

De início fizemos um pequeno histórico do rádio no Brasil e um pouco da nossa trajetória pessoal para explicar as razões deste veículo despertar tantas paixões.

Ressaltamos que o que mantém o rádio vivo, é a interação com os ouvintes através da prestação de serviço que são aquelas informações do cotidiano: condições do tempo, trânsito, rodovias.

Lembramos da figura notável de Narciso Vernizzi, “O Homem do Tempo” e o esforço dele para obter informações precisas em uma época em que não havia internet.

Celso, seu filho, complementou as histórias, lembrando que o pai se levantava às 4 da madrugada para fazer contato com radioamadores argentinos para saber deles as condições climáticas.

Essas informações o ajudavam na preparação dos boletins meteorológicos.

Esse trabalho pioneiro do "Homem do Tempo" levou os gerentes das emissoras a buscarem outras formas de orientação aos ouvintes e uma delas foi o “Repórter Aéreo” que passou a falar do trânsito com visão privilegiada, lá das alturas.

No final da palestra nossa conclusão foi que a “salvação do rádio” está na manutenção prestação de serviço.

Enquanto as rádios continuarem repercutindo as mesmas notícias dos telejornais sua lucratividade continuará baixa.

Os jornais, sites e a televisão trazem aquilo que acontece no mundo todo, mas se esquecem do buraco na rua em frente das nossas casas, dos vazamentos de água, da falta de limpeza pública, etc.

As rádios padecem porque apenas 4% do investimento em mídia é aplicado nelas, a maior soma ainda vai para a TV Aberta, 37% e 33% do investimento global em publicidade seguem para as Redes Sociais e os demais setores de mídia ficam com 26% da fatia do bolo.

Como solução recomendamos que as rádios diversifiquem seus sites, visto que 91,3% já possuem páginas na internet.

84,1% das rádios brasileiras transmitem seus programas também na versão online que depois ficam hospedados em podcasts.

12% transmitem imagens do estúdio em tempo integral, índice ainda considerado pequeno.

Tem muita gente fazendo rádio de forma acomodada, sem sair do estúdio, é preciso interagir cada vez mais com o público e não só pelas redes sociais, mas pondo a cara e a reportagem nas ruas.

Os repórteres de rádio servem de ponte entre os ouvintes e as autoridades, especialmente no trato com as prefeituras.

Não há quase ninguém na mídia indo atrás de solucionar os problemas do cotidiano.

Além disso, as rádios precisam firmar mais parcerias com agências do tipo Climatempo ou BTN que faz a cobertura do trânsito, este é um fator primordial. O Rádio sobreviverá? 

Acreditamos que sim, ele sempre se reinventa, mas fiquemos atentos porque a água já está batendo na altura do pescoço.



Ouça a canção “Radio Gaga” do Queen, no Live Aid, com legendas:









Fontes:

Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e TV – Abert

Sindicato dos Radialistas de São Paulo

Kantar Ibope Media

IAB Brasil

Meio e Mensagem

 

 

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

O que significa setembro amarelo?

O “Setembro Amarelo” é uma campanha mundial de conscientização sobre a importância de se prevenir o suicídio.

A data oficial, 10 de setembro, foi criada em 2003 pela Organização Mundial da Saúde - OMS para incentivar as nações a adotarem estratégias de enfrentamento ao problema.

Em 1994, nos EUA, o jovem Mike Emme de 17 anos, considerado um rapaz prestativo e habilidoso, depois de restaurar sozinho um automóvel Mustang 68 e o pintar de amarelo, decidiu dar fim à própria vida.

Não havia uma razão aparente, mas é assim que muitos pais são surpreendidos e o fato que ganhou as páginas dos jornais da época, serviu de alerta para o mundo, visto que ao longo dos anos se tornou uma epidemia global.

O mais surpreendente é que cada 40 segundos uma pessoa pratica o suicídio em algum ponto do planeta e, conforme especialistas, parte do problema pode estar ligado ao excesso de ostentação nas redes sociais que torna muitos adolescentes infelizes por acharem que não capazes de serem iguais ao que é exposto.


Isto ganha força também em relação aos adultos, sendo assim é necessário prestar atenção aos sinais transmitidos ao nosso redor no cotidiano.

Nem sempre uma pessoa que está enfrentando problemas em seus relacionamentos deixa as questões transparecerem.

No Brasil mais de 30 internações por dia ocorrem por tentativa de suicídio, conforme levantamento apresentado pela Associação Brasileira de Medicina de Emergência – Abramede.

De acordo com o Ministério da Saúde 96,8% dos casos estão ligados a transtornos mentais.

O primeiro desses transtornos é a depressão e alguns desses sinais indicam desinteresse, apatia, choro frequente, baixa autoestima, entre outros.

Também é necessário estar atento às alterações extremas de humor, excesso de raiva, irritabilidade, sentimentos intensos de culpa, mudança na rotina, abandonar atividades que geram prazer, entre outros.

Se a pessoa demonstra comportamento suicida, procure ajudá-la.

Um dos caminhos indicados é procurar o Centro de Valorização da Vida – CVV

☎️188

📩apoioemocional@cvv.org.br

Chat: atendimento virtual: Chat |

CVV: cvv.org.br

Fontes: Agência Brasil e Estadão Conteúdo

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Dom Pedro e a “Bernarda de Francisco Inácio"

 


Em 1822, São Paulo tinha 28 ruas, pouco mais de 1.800 casas e menos de 7 mil habitantes.

Na Zona Leste inteira havia apenas 36 casas e mesmo com poucas acomodações Dom Pedro decidiu pernoitar na Penha e seguir para o burgo paulistano somente no dia seguinte.

Por que ele fez isso?

O príncipe regente se hospedou na residência dos padres, lugar próximo de onde está a Igreja Velha da Penha.

Como não havia prédios, de lá era possível avistar toda a cidadezinha localizada acima da planície pela qual se estendia a antiga Estrada da Penha, hoje Avenida Celso Garcia.


O ambiente político era tenso, desde o Dia do Fico, em 9 de janeiro daquele ano.

O príncipe regente anunciou que iria ficar no Brasil e tal iniciativa aflorou o sentido de independência na população.

Dom Pedro contornava as exigências vindas das cortes de Lisboa, ao mesmo tempo em que internamente, sofria pressões para que se posicionasse o quanto antes.

De duas províncias, Minas Gerais e São Paulo, vieram ameaças para que tomasse uma posição rapidamente.

Caso contrário, a independência seria proclamada por outros meios, se necessário até, fazendo uso de armas.

Com o objetivo de aparar arestas, Dom Pedro parte do Rio em viagem, primeiro à Vila Rica.

Após longas conversas reconquista o apoio dos mineiros, mas ainda faltava abrandar os ânimos em São Paulo.  

A província paulista era governada por uma junta provisória, formada em parte por apoiadores e outra por descontentes.


A contenda resulta na eclosão, em 23 de maio de 1822, de uma revolta à qual se deu o nome “Bernarda de Francisco Inácio”.

A população paulistana revoltada chegou a hostilizar soldados enviados de Santos pelo príncipe regente.

O Coronel Francisco Inácio de Souza Queiroz, integrante da junta governativa, subira o tom de voz em defesa da independência do Brasil.

A chegada de Dom Pedro à Penha acontece no início da tarde de 24 de agosto, um sábado.

Daria tempo de chegar ao Paço da Sé ainda com o dia claro, mas ele decide pernoitar porque temia uma reação.

Pede a seu secretário, Francisco Gomes da Silva, o Chalaça, que se dirija antes ao burgo paulistano para sentir os ânimos.

No início da noite, o príncipe é informado que tudo estava tranquilo.

Assim sendo, no dia seguinte, segue na direção da Ladeira do Carmo.

Ao chegar é recepcionado com toda pompa pelo arcebispo Dom Mateus de Abreu Pereira.

Dom Pedro permanece em São Paulo de 25 de agosto a 5 de setembro, faz costuras políticas e aquieta os ânimos de Francisco Inácio ao garantir que a independência estava próxima.

No Palácio do Governo localizado onde agora está a reconstruída igreja do Pátio do Colégio, o príncipe passa a receber os interessados em fazer pedidos, era o famoso “beija-mão” daqueles tempos.

Foi num desses eventos que conheceu Domitila de Castro, a mulher que se tornaria a mais amada e odiada do Brasil.

A futura Marquesa de Santos, não viajou com ele para o litoral, aliás não há nenhum registro histórico que acuse a presença dela no litoral paulista sequer uma vez na vida.

Dom Pedro foi a Santos dar instruções para que ficassem de prontidão para enfrentar um possível ataque de Portugal à região portuária quando anunciasse sua decisão.

Sua volta para São Paulo aconteceu em um sábado, 7 de setembro de 1822, quando a Independência do Brasil foi proclamada, às margens do Ipiranga.


Fontes: Bomtempi, Sylvio/Viagem de D. Pedro a São Paulo e o Paço da Penha de França – 1822/Rotary Club de São Paulo/Penha/1972

Santana, Nuto/A Bernarda de Francisco Inacio/Sociedade Impressora Brasileira/1ª Edição/São Paulo/1938