segunda-feira, 5 de maio de 2025

A história do conclave que durou quase três anos

“Habemus Papam”, é a expressão em latim utilizada pela Igreja Católica para anunciar a escolha de um novo pontífice.

Já estão reunidos em Roma os 133 cardeais vindos de todas as partes do mundo para apontar o nome de quem irá suceder o papa Francisco.

O “conclave” nome utilizado para este colegiado que reúne cardeais do mundo todo, costuma durar menos de uma semana, mas nem sempre foi assim.

No século XIII a divisão na Igreja era tamanha que a eleição levou 33 meses para ser concluída. 

Os cardeais da época se reuniram em Viterbo, região central da Itália, no dia 29 de novembro de 1268 e o impasse prosseguiu até 1º de setembro de 1271.

O eleito acabou sendo Gregório X e dessa experiência foram estabelecidas por ele as regras para a escolha de seu sucessor e delas se deu origem ao termo “conclave”.

Após a morte de Clemente IV, em novembro de 1268, vinte cardeais eleitores se reuniram, mas as assembleias acabavam obstruídas pela contraposição entre duas correntes.

Cansada de acompanhar o impasse que já passava de um ano, a população de Viterbo decidiu aprisionar os cardeais em um palácio e diminuir o fornecimento de alimentos aos reclusos.

A partir dessa decisão vinda do povo, os cardeais tiveram que se entender e em 1º de setembro de 1271, se deu a escolha de Tebaldo Visconti que deu para si o nome Gregório X.

Coroado em Roma no dia 13 de março de 1272, mesmo sem experiência nos trâmites da Cúria, não se deixou manipular.

Dele vieram as propostas para organizar as regras de sua sucessão, mas houve forte resistência da maioria dos cardeais.

Foi então que dos padres veio a pressão para se apoiar as ideias de Gregório X na escolha dos futuros Papas. 

Ficou estabelecido que após três dias de reunião, se os cardeais não chegassem a um eleito, as refeições seriam reduzidas de dois para um prato durante os cinco dias seguintes.

Depois desses cinco dias, se ainda não houvesse um escolhido, as refeições seriam reduzidas a apenas pão, água e vinho até a eleição.

Assim se deu o primeiro “conclave”, cujas normas seguem sendo utilizadas até hoje. 

Determina-se um local fechado para as votações, no caso a Capela Sistina, com regras estabelecidas para a duração do encontro, incluindo as penas que dizem respeito à alimentação.

Para os cardeais da atualidade a ideia de se passar fome, caso as discussões se prolonguem, parece não preocupá-los. 

Essas leis ainda existem assim como outras, mas caíram em desuso, o consenso deve prevalecer, apesar das diferentes opiniões.

Notícias veiculadas na mídia dão conta que a Igreja Católica se encontra dividida e polarizada em facções.

Os cardeais então que se entendam para não passarem fome.

Quem diria que as regras para a escolha dos papas surgiriam com penalidades para o estômago?

As histórias sobre os sucessores de Pedro são muitas, mas hoje ficaremos por aqui.


Fontes e fotos: Vatican News

7 comentários:

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  2. Interessante, desconhecia esse jejum imposto.

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  3. Obrigada, Geraldo. Gostei de saber mais sobre isso. Regina Helena

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  4. É gratificante sempre ler suas crônicas. Obrigada Geraldo por nos proporcionar estas ricas informações.

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  5. Muito bom, Gera!

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