domingo, 23 de março de 2025

Queda do chichá no Largo do Arouche foi um grito de alerta

Terminou o verão e com a chegada do outono, diminuem os temporais e as consequentes quedas de árvores.

Isto representa um alívio para a prefeitura que empurra para o ano seguinte a solução do problema das enchentes.

Como se sabe este é um caso insolúvel diante de uma metrópole com mais de mil córregos subterrâneos.

Mas o que me surpreendeu foi a notícia da queda, em 12 de março, de uma das árvores mais antigas de São Paulo.

O chichá do Largo do Arouche, cujo nome científico é sterculia chicha, tinha mais de 200 anos e fazia toda a diferença paisagística daquele lugar.


A foto de 1963 postada no site São Paulo Antiga, do estimado colega Douglas Nascimento, apresenta uma antologia iconográfica do Arouche que define visualmente a altura do chichá em cerca de 20 metros.

Nessa outra estampa do São Paulo Antiga, de Douglas Nascimento, registrada de um edifício em um ponto mais alto, em 1977, a foto apresenta o chichá ainda mais exuberante.

Esse triste registro tirado em frente de uma tela de televisão, aponta que a árvore caiu para o lado do Hotel São Rafael após a tempestade do dia 12 de março, felizmente nenhuma pessoa foi atingida.


Alguns dias depois pedi para o meu confrade na Academia Cristã de Letras, Reinaldo Bressani, que mora nas imediações, para que desse uma passada pelo local e tirasse uma foto.

Como se percebe a fratura do tronco se deu a uma altura de quatro metros, aproximadamente.

A prefeitura fez a limpeza, serrou a parte quebrada e colocou uma cerca em torno das raízes. 

O que será daqui para frente, se a antiga planta terá condições de sobreviver e brotar, ainda não se sabe.

Cabe à prefeitura uma análise mais detalhada, visto que se trata da terceira árvore mais antiga de São Paulo.

De um levantamento realizado em 2013, estima-se que a mais velha seja a Figueira das Lágrimas, no Sacomã, com cerca de 250 anos, seguida de um Jequitibá plantado na área onde hoje está o Jardim da Luz.

G1

Esperamos que o assunto proteção das árvores não caia no esquecimento da prefeitura com a diminuição das chuvas.

No dia 12 de março, o taxista Elton Ferreira de Oliveira morreu após uma árvore cair sobre o seu automóvel em plena Avenida Senador Queiroz, durante a tempestade.

A árvore que a prefeitura alegou estar sadia, ainda atingiu a fiação causando curto circuito, faíscas e falta de energia elétrica.

 

Fontes:

A queda do chichá e uma antologia visual do Largo do Arouche - São Paulo Antiga – Douglas Nascimento: A queda do chichá e uma antologia visual do Largo do Arouche » São Paulo Antiga

Chuva em São Paulo derruba terceira árvore mais velha da cidade: https://odia.ig.com.br/brasil/2025/03/7020070-chuva-em-sao-paulo-derruba-terceira-arvore-mais-velha-da-cidade.html

Árvores centenárias em São Paulo – Tomás Chiaverini: https://vejasp.abril.com.br/cidades/arvores-centenarias-sao-paulo/

 

 


segunda-feira, 17 de março de 2025

Salomão Ésper é exemplo de ética e respeito profissional a todos os comunicadores

Salomão Ésper viveu 95 anos bem vividos graças ao respeito e ética profissional junto aos colegas e por todos ao seu redor. 

O conheci como ouvinte ainda nos meus tempos de menino e desde quando era estudante na faculdade passei a tê-lo como uma referência ao bom jornalismo naqueles anos de chumbo. 

Passou o tempo e nos tornamos colegas de trabalho na Rádio Bandeirantes, ele sempre solícito em esclarecer as dúvidas de todo novato.



Moderado nos comentários e tido por muitos como conservador, Salomão para mim era o contraponto das reflexões políticas, por isso sempre fiz questão de ouvi-lo. 

No dia a dia, ensinava coisas importantes para o aprimoramento não só do nosso trabalho, mas de todos os jovens repórteres que ingressavam na emissora.

Preocupado com a saúde, não só dele mas de todos, guardava em uma gaveta de sua sala todos os tipos de comprimidos. Azia ou dor de cabeça? Procure o Salomão, sempre sorridente a nos atender. 

Durante os bate papos recitava de improviso poemas de Olavo Bilac, Carlos Drumond e outros tantos poetas. 

Fazia isso também diante dos microfones de acordo com os assuntos que estivessem sendo tratados.

Respeitoso com os ouvintes lia com atenção as mensagens enviadas ao programa na "Hora do Café", do Jornal Gente da Bandeirantes. 


Antes da emissora do Morumbi,  passou pelas rádios América, Cruzeiro do Sul, Piratininga e comandou programas nas TVs Cultura e Bandeirantes.
 
Na foto acima o vemos jovem na Rádio Cruzeiro do Sul ao lado da apresentadora Elizabeth Darcy, mãe do narrador esportivo Sílvio Luiz.

Nascido em Santa Rita do Passa Quatro - SP, mudou-se para a capital paulista com a finalidade de aprimorar seus estudos e formou-se advogado. 

Ainda quando estudante, em um concurso da Rádio Cruzeiro do Sul para a contratação de dois locutores, foi aprovado e contratado junto com Cid Moreira.

Na Rádio América conheceu o então jovem repórter esportivo José Paulo de Andrade, depois com ele já na Rádio Bandeirantes, deu continuidade ao horário das oito da manhã para comentários noticiosos.

Vicente Leporace tradicional apresentador de "O Trabuco", faleceu em 1978 e para substituí-lo houve uma preocupação enorme.

Após seguidas reuniões ficou decidido que três comentaristas seriam necessários para substiuir Leporace. 

Salomão Ésper, que ficava em seu lugar nas férias foi designado e com ele José Paulo de Andrade e Joelmir Beting.

O resultado foi perfeito, a audiência não diminuiu e o Jornal Gente segue no ar até hoje e mesmo com novos apresentadores a audiência do horário ficou garantida.



Quem conheceu Salomão Ésper com certeza teve o privilégio de ver diante de si um ser humano notável, amigo e sincero com todos.

O melhor, é que estava sempre de bom humor, tanto que em um dos almoços promovidos pela Academia Paulista de Jornalismo - APJ, Salomão Ésper soltou essa:

"Acontecem coisas boas em todas as fases da vida, estou adorando a velhice, pena que dura pouco". 

Salomão foi para o céu e para nós aqui na Terra, fica o exemplo e a saudade.

De agora em diante os almoços da APJ nunca mais serão os mesmos