Dias atrás em um passeio de carro quis mostrar a um jovem sobrinho a fachada da igreja do Pátio do Colégio.
Ao entrar de automóvel na Rua Boa Vista me impressionou
a quantidade de pessoas em condições de abandono.
Notei que a população de rua em São Paulo
adquiriu um novo perfil durante a pandemia. Existem agora as “Famílias de Rua”.
Pais e mães perderam o emprego e sem dinheiro para pagar
as contas, deixaram a moradia e foram dormir com os filhos em barracas de lona no ponto
onde a cidade foi fundada pelos jesuítas, em 1554.
É de cortar o coração. Anchieta ficaria abismado! Em
vez de um passeio alegre, voltamos entristecidos para casa.
Lembrei das reportagens e entrevistas com representantes da Associação Viva o Centro, que fiz várias vezes para a Rádio Eldorado. Compareci, inclusive, na solenidade de lançamento, em 11 de outubro de 1991.
O plano era recuperar o centro histórico da cidade em
20 anos, o prazo esgotou-se em 2011.
Aconteceu que no meio do caminho, o Bank Boston, grande
parceiro do projeto, foi adquirido por outros bancos e o
patrocínio se extinguiu.
A associação ainda existe no papel, completou 30 anos recentemente, mas sem bala na agulha, ou seja, sem dinheiro, quase nada pode fazer.
Por outro lado de que adiantaria trazer de volta a paisagem do centro de outrora com centenas de famílias vivendo dentro dele no desabrigo?
A questão do urbanismo passou agora para um segundo plano, o que se espera no prazo mais rápido possível, é um reaquecimento na economia que possa gerar emprego e renda para esses pais e mães de família.
A maior cidade do Brasil pode ser considerada a que concentra maior número de famintos em todo o mundo, basta avaliar sua densidade populacional.
Durante os dias mais frios do inverno a prefeitura ofereceu sopas e cobertores aos moradores de rua, mesmo assim e muito pouco tamanha a gravidade da situação em que se encontram várias famílias.
O desafio de mudar esse quadro de degradação existente na cidade de São Paulo, não é só dos governantes, mas de todos nós, sociedade, que de alguma forma teremos que praticar a solidariedade em nome do bem comum, em relação a essas pessoas carentes até que a situação melhore.
Nossa maior preocupação precisa ser em relação às crianças que estão vivendo, sem domicilio, sem escola, sem comida.
Do jeito que está, não dá para falar: “Viva o Centro!”